Exame de sangue ou de urina é capaz de detectar alterações nos ossos
mais rapidamente do que a análise por meio de aparelho de raios X
A osteoporose pode passar a ser diagnosticada em estágios iniciais por
meio de exames de urina ou de sangue. Cientistas da Universidade do
Arizona (ASU, sigla em inglês) e da Nasa desenvolveram uma técnica muito
mais sensível que a de raios X que permite detectar a perda óssea. O
estudo foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of
Sciences.
Saiba mais
OSTEOPOROSE
A doença
progressiva causa a redução da densidade dos ossos do corpo, facilitando
a ocorrência de fraturas. Acredita-se que ela afete 33% das mulheres na
pós-menopausa no Brasil. As fraturas afetam, principalmente, idosos,
sendo as lesões mais frequentes na coluna vertebral e no quadril. Entre
os fatores de risco estão: déficit de cálcio na dieta, sedentarismo,
constituição magra, consumo em excesso de álcool, tabagismo e fatores
genéticos. A osteoporose é prevenida com o aumento da densidade óssea
pelo consumo adequado de cálcio e de vitamina D.
Análises de laboratório de amostras de urina de voluntários revelaram
que a nova técnica pode detectar a perda óssea em uma semana após o
início do descanso. “Demostramos que o conceito funciona em pessoas
saudáveis. O próximo passo é checar se ele também é eficiente em
pacientes com doenças que alteram os ossos” diz Ariel Anbar, um dos
responsáveis pelo estudo.
De acordo com Anbar, o método pode ajudar também no tratamento do
câncer. Segundo ele, a perda óssea ocorre em um número crescente de
pacientes em estágios avançados de câncer. "No momento em que essas
perdas são detectadas pelo aparelho de raios X, os danos significativos
já ocorreram", diz.
Isótopos – Com a nova técnica, a perda óssea é detectada por meio de uma
análise dos isótopos do cálcio, que estão naturalmente presentes na
urina. Os isótopos são átomos de um mesmo elemento químico que diferem
em massa. Como, para fazer o exame, o paciente não precisa ingerir
nenhum tipo de substância específica, os cientistas afirmam que o teste
não representa nenhum risco à saúde.
Para desenvolver a técnica, os cientistas levaram em consideração que,
quando os ossos se formam, os isótopos de cálcio mais leves entram no
osso um pouco mais rápido do que aqueles que são mais pesados. Além
disso, os pesquisadores utilizaram um modelo matemático desenvolvido há
15 anos por Joseph Skulan, atualmente professor da ASU. Esse modelo
previa que, em pessoas com ossos saudáveis, as taxas de isótopos de
cálcio no sangue e na urina deveriam estar equilibradas.
No estudo financiado pela Nasa foi feita a análise dos isótopos de
cálcio na urina de uma dúzia de voluntários saudáveis. Todos tiveram de
permanecer deitados por 24 horas durante 30 dias. Sempre que uma pessoa
se deita, os ossos que suportam o peso do corpo, como os da coluna e das
pernas, são aliviados do peso. Com isso, os ossos começam a se
deteriorar. Períodos longos deitados induzem, assim, a uma perda óssea
similar às que ocorrem em caso de osteoporose ou com astronautas.
"A Nasa conduz esses estudos porque os astronautas em microgravidades
vivem esse problema e sofrem de perda óssea", diz Scott M. Smith,
nutricionista da Nasa e coautor do estudo. "Esse é um dos principais
problemas em espaçonaves tripuladas."
Outras doenças – O conceito, no entanto, pode ser usado para outros
problemas. Diversas doenças podem causar mudanças súbitas nas taxas de
isótopos ou na concentração de elementos químicos do corpo. “O conceito
de assinaturas inorgânicas representa uma nova e estimulante abordagem
para o diagnóstico, tratamento e monitoramento de doenças complexas,
como o câncer”, diz Anna Barker, diretora da ASU.
Segundo o mexicano Rafael Fonseca, diretor do Departamento de Medicina
da Clínica Mayo e membro de uma pesquisa colaborativa que tem como base
as descobertas do estudo, hoje a dor é normalmente o primeiro indicador
de que o câncer está afetando os ossos. "Se nós pudermos detectar isso
mais cedo por uma análise de urina ou do sangue em pacientes de alto
risco, o tratamento pode ter uma melhora significativa", diz.
Fonte: revista Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário