domingo, 10 de junho de 2012

Torcicolo Congênito

O torcicolo muscular congênito é definido como uma fibrose no interior do músculo esternocleidomastóideo que posteriormente acarreta encurtamento e contratura muscular. O termo torcicolo deriva das palavras latinas tortus (torto) e collum (pescoço), e é uma deformidade no nível do pescoço ocasionada por um encurtamento do músculo esternocleidomastóideo , que na maioria dos casos provoca uma inclinação da cabeça na direção do lado afetado e rotação da mandíbula em direção ao lado oposto. Dentre as causas do torcicolo destacam-se:
  1. A pré-natal;
  2. a traumática;
  3. a infecciosa;
  4. a neurogênica;
  5. a isquêmica;
  6. a hereditária e
  7. mais recentemente a de uma distrofia muscular congênita com manifestações pré ou pós-natal.
Patogenia:

Ao exame macroscópico, o "tumor" esternocleidomastóideo é branco e brilhoso, dando a aparência de um fibroma de partes moles. Os estudos microscópicos mostram que ele consiste de tecido fibroso denso, sem evidências de hemorragias ou hemossiderina. Em crianças mais velhas, após o desaparecimento "tumor", tecido excisado do músculo esternocleidomastóideo mostra que ele foi substituído por tecido fibroso, com perda das estriações transversas, vacuolização e rotura das bainhas endomisiais.


Quadro Clínico:

O quadro clínico do torcicolo é diferente de acordo com a idade do paciente e se o acometimento é unilateral ou bilateral.
  1. Recém-nascidos: O torcicolo nem sempre está presente, e o exame clínico evidencia apenas uma leve inclinação lateral da cabeça e, mais freqüentemente, rotação pura da cabeça e face na direção oposta ao músculo comprometido. Duas ou três semanas após o nascimento pode desenvolver-se uma massa fusiforme de consistencia endurecida e indolor, localizada no interior do músculo esternocleidomastóideo, que na maioria dos casos regride espontâneamente, no espaço de dois a três meses. Em alguns pacientes, o tumor pode persistir por mais de seis meses e produzir torcicolos até a idade de 9 a 15 meses.
  2. Crianças Maiores de 1 ano: Nestes pacientes, a cabeça encontra-se inclinada em direção ao lado comprometido, com a mandíbula e a face rodadas em direção contrárias. A persistência da deformidade provoca achatamento e assimetria da face, com desnivelamento dos olhos e orelhas, que situam-se em um nível inferior ao lado normal. O ombro do lado afetado torna-se elevado, e freqüentemente existe uma escoliose cervicodorsal. A rotação e inclinação lateral do pescoço estão diminuídas, enquanto que a flexão e a extensão usualmente são normais.


Tratamento:


Em cerca de 80% dos casos, a fibrose não é suficiente para requerer cirurgia corretiva. Em crianças com menos de 1 ano de idade, o tratamento do torcicolo muscular congênito consiste em exercícios de estiramento muscular. Os exercícios podem ser divididos em duas etapas e devem ser realizados por duas pessoas. Uma das pessoas fixa ambos os ombros e a outra segura a cabeça com uma mão na base do crânio e a outra em torno da mandíbula da criança. A cabeça da criança é então tracionada suavemente. A primeira etapa consiste em tracionar a cabeça da criança com o intuito de afastá-la dos ombros e em seguida realizar uma rotação da cabeça em direção ao lado oposto, de tal forma que a mandíbula aproxime-se do ombro oposto ao músculo lesado. Esta posição deverá ser mantida por 10 segundos. A segunda etapa consiste em tracionar a cabeça, incliná-la ligeiramente para a frente e rodá-la ligeiramente para o lado oposto à lesão. Em seguida o pescoço da criança é inclinado lateralmente até que a orelha esteja em contato com o ombro. O estiramento é mantido durante 10 segundos. Estes exercícios devem ser repetidos no mínimo 5 vezes, em 2 ou mais sessões diárias. Também deve ser dada orientação para o preparo do quarto do recém-nascido. O berço deve ser colocado junto à parede e a criança colocada de tal forma que para olhar os estímulos tenha que movimentar a cabeça para o lado da lesão, ou seja, o lado não lesado deverá estar voltado para a parede, quer esteja em decúbito ventral, quer esteja em decúbito dorsal. Dessa forma pode-se conseguir estiramento do esternocleidomastóideo sem necessidade de cirurgia.