segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Repetindo a dose (ALONGAMENTOS)

Olá pessoal!
Atendendo a pedidos de nossos amigos da fisioterapia e reumatologia, aqui vai mais uma vez as séries de alongamentos postados anteriormente neste blog. Desde já agradeço à todos o carinho e as visitas no nosso blog.
Abraços.





Imagens de séries de alongamento

Os alongamentos são exercícios voltados para o aumento da flexibilidade muscular, que promovem o estiramento das fibras musculares, fazendo com que elas aumentem o seu comprimento.
O principal efeito dos alongamentos é o aumento da flexibilidade, que é a maior amplitude de movimento possível de uma determinada articulação.
Quanto mais alongado um músculo, maior será a movimentação da articulação comandada por aquele músculo e, portanto, maior a sua flexibilidade.
Os alongamentos conseguem esse resultado por aumentarem a temperatura da musculatura e por produzirem pequenas distensões na camada de tecido conjuntivo que revestem os músculos.
Abaixo separamos algumas imagens de séries de alongamento para que sirva de exemplo para o seu dia a dia de profissional:

http://1.bp.blogspot.com/_Ww278crPWpE/SvFVJdlk6tI/AAAAAAAAAXs/ZNNDi1vSrhI/s400/Estiraments%2520BTT%2520copia.jpg

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http://www.dicafeminina.net/wp-content/uploads/2010/12/exercicios-de-alongamento.jpg

Vários desses "mapas" podem ser utilizados. Aproveitem!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Novas postagens em nosso blog

Olá pessoal! Neste mês de Janeiro já temos 7 (sete) novas postagens, tratando de assuntos como síndrome do túnel do carpo, pilates para incontinência urinária, dor no ombro, como evitar quedas em idosos, fratura de tornozelo...
Logo logo estarei postando mais algumas informações precisas para o nosso dia a dia, use esta ferramenta do blog movidos a fisioterapia para o seu bem estar.
Então é isso pessoal, vamos ler as matérias e cuidar da nossa saúde.
Seja movido de saúde.
Movidos a Fisioterapia.
Abraços.

Entorse de tornozelo: exercícios supervisionados têm mais vantagem

A entorse de tornozelo é uma das lesões musculoesqueléticas mais freqüentes (23 000 e 5000 casos por dia nos EUA e Reino Unido, respectivamente) e um dos principais comprometimentos funcionais estão relacionados com a perda do equilíbrio e da estabilização da articulação tíbio-társica.

O treinamento do equilíbrio e propriocepção (integração sensório-motora) podem reduzir esta limitação, melhorando os sintomas de instabilidade articular e risco de entroses de repetição, além de melhorar o controle postural. Algumas dúvidas, porém, são discutidas há muito tempo sobre os principais recursos para o tratamento deste problema, como por exemplo, se a fisioterapia realizada com exercícios poderia melhorar o desfecho do problema. Se imobilizar por um tempo e depois fazer fisioterapia é a conduta ideal? Se apenas imobilizar é suficiente, ou a imobilização é desnecessária, pois a fisioterapia isolada é suficiente?

Com a intenção de resumir a eficácia da adição de exercícios supervisionados do tratamento convencional comparado com o tratamento convencional (tratamento não cirúrgico como imobilização, instrução de exercícios não supervisionados ou uso de suportes externos), um grupo holandês realizou uma ampla revisão sistemática de estudos clínicos controlados e randomizados, que incluíram pacientes com entorse lateral aguda de tornozelo1.

Onze estudos foram incluídos (n=776). A maioria dos estudos incluídos apresentou alto risco de viés, com pouco poder estatístico para detectar diferenças clinicamente relevantes. Não foram encontradas fortes evidências da eficácia de qualquer das medidas de desfecho. Mas mesmo assim, os autores sugeriram que a adição de exercícios supervisionados ao tratamento convencional leva a melhor e mais rápida recuperação e um rápido retorno ao esporte em curto prazo de acompanhamento (duas semanas) do que o tratamento convencional sozinho (evidência limitada a moderada). Em populações específicas (atletas, soldados, e os pacientes com lesões graves), houve mais rápido retorno ao trabalho e ao desporto (evidência limitada a moderada)

Enfim, utilizar exercícios supervisionados no tratamento de indivíduos com disfunções imediatas após entorse de tornozelo traz algum benefício para recuperação e retorno ao esporte, embora a evidência seja limitada ou moderada e muitos estudos estão sujeitos a vieses. Esta é a melhor evidencia disponível atualmente sobre o assunto.


Referência:

1. Rijn RMv, Ochten Jv, Luijsterburg PAJ, Middelkoop Mv, Koes BW, Bierma-Zeinstra SMA. Effectiveness of additional supervised exercises compared with conventional treatment alone in patients with acute lateral ankle sprains: systematic review. BMJ. 2010 26 out 2010; 341 ( c5688): 1-11. Acesse o resumo, ou o texto completo.

Fisioterapia para prevenir quedas em idosos

Physiotherapy to fall prevention
Fonte aqui
A queda do idoso é considerada, atualmente, um sério problema de saúde pública mundial, (incluindo, sim, o Brasil!). Abordagens multidisciplinares com fisioterapia ganharam destaque nos últimos anos como recursos efetivos e eficientes e são cada vez mais recomendadas em diretrizes clínicas. Recentemente, novas evidências foram demonstradas. Tais dados podem justificar a abertura de espaços de tratamento individualizado ou em grupo na comunidade para atuação fisioterapêutica.
A queda do idoso tem forte relação com fraturas, principalmente de fêmur. Atualmente, todos os municípios brasileiros são monitorados anualmente quanto ao número de fraturas de fêmur ocorridas. Este número é considerado como um dos mais importantes indicadores da saúde pública nos municípios brasileiros, tornando a prevenção de quedas uma prioridade no Sistema Único de Saúde (SUS), não apenas pelo alto custo que significa para o sistema e a sociedade, mas também pelas limitações que impõem ao sujeito que cai e sua família.
Estratégias para se prevenir quedas nos idosos são urgentes e devem começar a disseminar em todos os municípios brasileiros nos próximos anos. Tendo em vista este alto impacto social,  cada vez mais são propostas estratégias para um manejo mais eficaz e eficiente possível deste grande problema.
No mês de maio, O BMJ (FI = 12,827) publicou um estudo clínico interessante, sugerindo que uma estratégia de reabilitação integrada (fisioterapia, terapia ocupacional e enfermagem) seria capaz de reduzir o índice de quedas ao longo de um ano se comparado aos cuidados usuais1.
Foi proposto um programa de intervenção multifatorial, que iniciava com atendimentos no domicilio e continuava com sessões ambulatoriais se indicado. Em domicílio os fisioterapeutas realizavam treinamento de força muscular e equilíbrio (pelo menos 6 sessões), os terapeutas ocupacionais avaliavam os riscos domésticos e propunham modificações do ambiente (corrimãos, suportes, tapetes, iluminação e treinamento para levantar-se do chão),  e os enfermeiros revisavam a medicação e a pressão arterial. Quando necessário os pacientes eram encaminhados para revisão médica ou assistência social.
No ambulatório, foram realizadas até 12 sessões em grupo para prevenção de quedas, 2x/sem, por 2 horas. Uma hora de exercícios de fortalecimento e treino de equilíbrio (fisioterapia) e uma hora de atividades funcionais e educativas (terapia ocupacional). As sessões aboradvam também aspectos nutricionais, caminhadas, estratégias para melhorar AVD, riscos, equipamentos, calçados e como levantar-se do chão. Pacientes alocados no grupo controle foram orientados para procurar os serviços da rede social e de saúde usual.
O desfecho primário da pesquisa era o número de quedas no período de um ano. Havia outros desfechos secundários dos aspectos funcionais e qualidade de vida. Foram randomizados 204 indivíduos (102 em cada grupo), avaliados de forma cega no início e no final do acompanhamento, analisados por intenção de tratar.
Dos 98 participantes que terminaram o acompanhamento, apenas 19 (20%) realizaram as sessões em grupo no ambulatorio após os atendimentos domiciliares. Os demais, foram atendidos só em casa, sendo realizadas, em média, 9.9 (SD 8.8) sessões, totalizando 490 minutos de atendimento individualizado. Em média foram realizadas 8 sessões de fortalecimento muscular e 7,5 de treino de equilíbrio, e 13,5 de atividades funcionais.
Com esta proposta, a média de incidência de queda no grupo intervenção foi de 3,46 por pessoa por ano, enquanto no grupo controle foi de 7,68. Além disso, o indice de Barthel, questionário de Nottingham de AVD, o número de internações hospitalares com fratura e atendimentos de emergência por ambulância foram significativamente melhores no grupo intervenção. O tempo médio entre a randomização e a primeira queda foi de 21 dias no grupo controle comparado a 166 no grupo intervenção.
Resumindo, segundo os autores, um serviço de reabilitação voltado para a prevenção de quedas na comunidade para pessoas acima de 60 anos está associado a uma redução no índice de quedas de 55% no ano subseqüente. Este índice ficou acima dos 25% constatado pela revisão Cochrane sobre o assunto, que analisou 111 estudos clínicos com 55.303 participantes2. Segundo esta revisão, programas de exercícios voltados para o fortalecimento, equilíbrio, flexibilidade e resistência muscular, realizados individualmente ou em grupo, reduzem o risco de quedas e o número de idosos que vivem na comunidade que caem. Citam ainda: ajuste da medicação (ansiolíticos, remédios para dormir e antidepressivos), adequação do ambiente, cirurgia de catarata e marca-passo quando indicados como recursos efetivos.
Este estudo reforça a importância dos exercícios orientados por profissionais especializados, e demonstra a relevância de constituição de serviços multiprofissionais direcionados a prevenção de quedas e melhora da capacidade funcional de idosos em risco. Além de apontar um caminho importante para os tomadores de decisões, dá subsídios para elaboração de projetos direcionados a melhora dos indicadores de saúde dos municípios, estados e federação.

Fica a idéia e alguns links de vídeos sobre a campanha de prevenção de quedas em SP!

Campanha tentar prevenir quedas de idosos - Jornal Bom dia São Paulo (23/06/2010) 
Queda já é a 6ª maior causa de mortes entre idosos no estado - Jornal  SPTV 1ª edição (23/06/2010)
Referências:
1. Logan PA, Coupland CAC, Gladman JRF, Sahota O, Stoner-Hobbs V, Robertso K, et al. Community falls prevention for people who call an emergency ambulance after a fall: randomised controlled trial. BMJ. 2010 On line first, 15 may;340(c2102):1-7.
2. Gillespie LD, Robertson MC, Gillespie WJ, Lamb SE, Gates S, Cumming RG, et al. Interventions for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2009(Issue 2).

Nintendo Wii como recurso fisioterapêutico

The use of Nintenso Wii how physiotherapeutic resourse

Desde 2008, vem ocorrendo um interesse crescente e utilização cada vez maior de recursos de realidade virtual como ferramenta de habilitação e reabilitação de funções corporais de pacientes dos serviços de fisioterapia ou multiprofissionais. As publicações na área são recentes1 e subsídios científicos começaram e ser demonstrados, inicialmente em portadores de paralisia cerebral2 (Fator de impacto = 2,19).
Mais recentemente, dois estudos sobre o assunto chamaram a atenção. O primeiro destaca os possíveis benefícios do treinamento do controle de tronco e melhora da postura de pacientes com paralisia cerebral, utilizando-se a plataforma de equilíbrio, que é adquirida junto com o videogame Wii, através de um estudo de dois casos3 (Fator de impacto = 4,475). O segundo estudo, mais interessante ainda, valida a plataforma de equilíbrio Wii como um possível recurso para avaliação do equilíbrio estático, de forma equivalente a plataforma de força e com a vantagem de ser barato, portátil e amplamente disponível4 (Fator de impacto = 2,743).
Tal validação nos motivou a iniciar a utilização deste recurso como alternativa a mais no tratamento de nossos pacientes, para disfunções neurofuncionais e traumato-ortopédicos. Além de ser uma alternativa motivadora e facilitadora de adesão ao tratamento, inova como ferramenta de obtenção dos objetivos funcionais através da realidade virtual.
Percebemos que o número de publicações a respeito vem crescendo e, acreditamos que as vantagens acima servirão como fatores para a popularização do videogame Wii como ferramenta fisioterapêutica, conforme reportagens nacionais (Veja jan/2010, jun/2009, video jan 2009).
Enquanto aguardamos para breve a comprovação da eficácia, efetividade, eficiência e segurança do recurso, experimentamos o Wii como um “plus” ao tratamento dos pacientes sob nossos cuidados.
Referências:
1. Coyne C. Video "Games" in the clinic: PTs report early results. PTMagazine 2008:May:23-8.
2. Deutsch JE, Borbely M, Filler J, Huhn K, Guarrera-Bowlby P. Use of a low-cost, commercially available gaming console (Wii) for rehabilitation of an adolescent with Cerebral Palsy. Physical Therapy 2008:88(10):1196-207.
3. Shih C-H, Shih C-T, Chiang M-S. A new standing posture detector to enable people with multiple disabilities to control environmental stimulation by changing their standing posture through a commercial Wii Balance Board. Research in Developmental Disabilities 2010:31:281-6.
4. Clark RA, Bryant AL, Pua Y, McCrory P, Bennell K, Hunt M. Validity and reliability of the Nintendo Wii Balance Board for assessment of standing balance. Gait & Posture 2009:xx(xx):xx-x In press.

Terapia manual e exercícios para disfunções do ombro?

Doenças do manguito rotador provocam disfunções comuns no ombro e causam dor e perda funcional. Sabe-se que recursos fisioterapêuticos como a terapia manual e programas de exercícios são freqüentemente utilizados para tratar doenças do manguito rotador, mesmo que poucas evidências dêem suporte ou refutem sua eficácia.

Um estudo recente do BMJ 1 (Fator de Impacto= 12,827), constatou que os efeitos benéficos imediatos da terapia manual padronizada combinada com exercícios domiciliares são comparáveis ao placebo em pacientes de meia idade e idosos com doença crônica do manguito rotador após 11 semanas. O efeito benéfico pode aflorar ao longo do tempo, se houver continuidade dos exercícios em casa, e podem ser mais importante para a recuperação da função do que para o alívio da dor.

Tais conclusões poderão render muito debate e questionamentos sobre a eficiência da fisioterapia no tratamento destes problemas, contrariamente a alta frequencia observada destes problemas nos serviços de fisioterapia, onde constatamos que é o segundo problema mais comum tratados nos serviços especializados, após as dores nas costas.

Deste trabalho impecável, metodologicamente excelente, participaram 120 australianos, recrutados entre março de 2004 e novembro de 2007, que foram tratados por 14 fisioterapeutas da área músculo-esquelética, todos com mais de 4 anos de experiência.  Ambas as intervenções duraram de 30-45 min., e foram feitas 2x/sem nas primeiras duas semanas, 1x/sem nas 4 semanas seguintes, e quinzenalmente nas últimas 4 semanas.

Qualquer semelhança com o tratamento empregado no estudo e o que é feito de melhor na prática clínica não é mera coincidência. Foram utilizados recursos manuais como massagem na região do deltóide, mobilizações da gleno-umeral, coluna torácica e cervical, treino de estabilização escapular, bandagem funcional postural e exercícios domiciliares (2x/dia nas primeiras 2sem e depois 1x/dia). O grupo controle foi submetido a ultra-som placebo (10 min.) e aplicação um gel não terapêutico (10 min).

Mas os resultados foram surpreendentes. Ao analisar a eficácia dos tratamentos após 11 semanas, houve melhora significativa em ambos os grupos, sem diferença significativa entre os dois quanto a melhora da dor e da função. A melhora subjetiva referida pelos participantes também não foi estatisticamente significante (42% do grupo ativo versus 30% do placebo – risco relativo de 1.43, com um intervalo de confiança de 95% de 0.87 a 2.34).

No entanto, após 22 semanas de seguimento e realizando apenas exercícios domiciliares, o grupo ativo demonstrou melhora significativamente maior que no placebo quanto a dor, incapacidade, força muscular, interferência nas atividades e qualidade de vida. Porém não foi significativa a diferença entre a melhora da dor ao movimento, ou a satisfação com o sucesso do tratamento.

Durante o período de intervenção, 17/55 (31%) dos pacientes no grupo ativo referiram eventos adversos (dor durante e após a sessão, n=3; piora da dor com os exercícios domiciliares, n=12; irritação com a bandagem, n=2), diferentemente que no grupo placebo, em que 5/61 (8%) pacientes perceberam estes eventos (aumento da dor durante ou após a sessão). Isso pode ter comprometido a mensuração da melhora em curto prazo. Após 11 semanas, 7/49 (14%) do grupo ativo referiu aumento temporário da dor após os exercícios domiciliares.

Os autores ponderaram que a melhora dos dois grupos poderia ser atribuída a evolução natural da doença, uma vez que não houve um grupo comparativo sem tratamento. Tal hipótese não se confirmou ao analisar outros estudos semelhantes. Outro motivo de falta de significância estatística foi o possível efeito placebo, responsável por 30% da melhora em condições de dor crônica, uma vez que ao grupo controle foi proporcionado contato constante com e equipe de saúde, atenção e apoio.

Comentaram também que a inclusão dos pacientes foi feita apenas pelos achados clínicos, o que, nem sempre se equivale ao diagnóstico cinesiológico-funcional (disfunção de movimentos, da função muscular, encurtamentos e alteração da postural escapular e espinhal). Neste aspecto, a ultrasonografia ou a ressonância magnética poderão complementar nosso diagnóstico. Assim, consideram que a conclusão do estudo poderia ser diferente se subgrupos fossem avaliados e tratados diferentemente.

Algumas diferenças puderam ser percebidas ao se comparar o estudo com a prática clínica brasileira. Geralmente, nas disfunções com dor, utilizamos recursos analgésicos (ultra-som, laser, TENS) concomitantemente aos recursos manuais e cinesioterapêuticos, na intenção justamente de melhorar a dor e prevenir este evento. Outra diferença é a freqüência semanal, que geralmente é maior que no estudo. Acreditamos que estas diferenças na abordagem possivelmente mudariam os resultados da pesquisa.

Mas o fato é que, mesmo com a consolidação da fisioterapia para o tratamento das disfunções sintomáticas do ombro, um estudo com resultados tão limitados em um periódico de tão alto impacto pode influenciar na análise crítica da viabilidade do tratamento fisioterapêutico para estes pacientes. Outros estudos se fazem necessários, com certeza!

Referências:
1. Bennell K, Wee E, Coburn S, Green S, Harris A, Staples M, et al. Efficacy of standardised manual therapy and home exercise programme for chronic rotator cuff disease: randomised placebo controlled trial. BMJ. 2010 On line first on 10 jun;340(c2756):1-10.

Síndrome do túnel do carpo: efetividade da fisioterapia

Neste mês, um grupo de pesquisa holandês publicou no Archives of Physical Medicine and Rehabilitation (FI=2.184) duas grandes revisões sistemáticas sobre a efetividade do tratamento cirúrgico e não cirúrgico para a Síndrome do túnel do carpo1, 2, dividido em dois artigos. O texto com os resultados dos recursos não cirúrgicos se destaca pela quantidade de informação e pela abrangência dada as inúmeras propostas de tratamento já estudadas sobre o assunto, desde imobilizadores, tipos de teclado, incluindo diferentes modalidades fisioterapêuticas.

Muitas dúvidas podem surgir ao se conduzir o tratamento fisioterapêutico de um indivíduo com Síndrome do Túnel do Carpo e uma coletânea do que diz a literatura sobre o assunto nos ajuda a ter algumas diretrizes que podem nos subsidiar mais claramente. Vale ressaltar que, á seguir, será apresentado o atual “estado da arte” sobre o assunto. Estas recomendações, no entanto, podem mudar se ocorrerem avanços nas pesquisas dos temas apresentados. Seguem os principais resultados do estudo, seguido da força de evidência conforme a seguinte escala do nível de evidência:

1. Evidência forte de efetividade: achados positivos e consistentes (mais de 75% de significância) em múltiplos estudos clínicos de alta qualidade.
2. Evidência moderada: achados positivos consistentes (significante) de múltiplos estudos clínicos de qualidade baixa ou de um estudo clínico de alta qualidade.
3. Evidência limitada: achado positivo (significante) de um estudo clínico de baixa qualidade.
4. Evidência conflitante: achados de estudos clínicos com menos de 75% de consistência (significância).
OBS: ao se afirmar que não há evidência significa que estudos de boa qualidade não demonstraram diferenças significantes.

Tala ou imobilização para o punho/mão
- Uma atadura noturna na mão (“brace”) é mais efetivo do que não fazer nada (evidência moderada em curto prazo - 2 semanas - e limitada em médio prazo).
- Tala em posição neutra é mais efetiva que a que mantém o punho em extensão de 20° em curto prazo/2 sem (evidência limitada).
- Usar tala em tempo integral não parece acrescentar benefício a usá-la somente à noite, bem como não há provas de que haja mais benefício ao se comparar o uso de tala isolado com a atadura da mão (“brace”) à noite, nem ao associar a tala com aplicações de laser, ou com exercícios de yoga, em curto prazo.
- Corticosteróide oral é mais efetivo que a tala de punho em curto prazo (evidência moderada)

Ultra-som
- Não há evidências de que o ultra-som seja mais efetivo do que o placebo em curto prazo (2 semanas), mas sim após 7 semanas (evidência moderada).
- Não há evidências de diferenças entre a intensidades de 1,5W/cm² quando comparado com 0,8W/cm² em curto prazo, assim como ao se utilizar freqüências de 1 e 3 MHz.
- O ultra-som é mais efetivo do que o laser em curto prazo (evidência moderada).

Laser
Não há evidências de que o laser seja efetivo ao se comparar com o placebo em curto prazo.

Mobilizações e terapia manual
Mobilização dos ossos do carpo é mais efetiva do que não tratar em curto prazo (evidência limitada). Não houve diferença entre a efetividade da mobilização dos ossos do carpo comparado a mobilização neurodinâmica, em curto prazo; entre a técnica neurodinâmica + tala, comparado com terapia placebo + tala em curto prazo; ou da mobilização de tecidos moles assistida por instrumento (Graston??) + exercícios domiciliares comparada a mobilização de tecidos moles + exercícios domiciliares em médio prazo.
Não há evidência de efetividade da quiropraxia (“thrusts” manuais, massagem miofacial, ultra-som e tala noturna) comparada com tratamento medicamentoso (ibuprofeno) e tala em médio prazo (13 semanas).

Teclados ergonômicos
Teclado ergonômico é mais efetivo que o teclado padrão em 3 meses (evidência moderada), porém não em 6 meses (evidência limitada). Teclados na Apple® e da Microsoft® são mais efetivos que teclados normais em 6 meses (evidência limitada).

Campos magnéticos
Há moderada evidência de efetividade do campo magnético dinâmico (“dynamic magnetic field therapy”) após 2 meses.

Acupuntura
Não há evidências da efetividade da acupuntura com laser em curto prazo (3 sem), ou da acupuntura comparada com corticosteróides em curto prazo (4 sem).

Massagem
Massagem direcionada é mais efetiva que a massagem geral e sessões de massagem de 15 min., 1x/sem associada a auto-massagem diária é mais efetiva que não tratar em curto prazo (evidência limitada).

Compressa quente
Compressa quente é mais efetiva que placebo oral em curto prazo (3 dias de seguimento), porém ventosas (“cupping therapy”) é mais efetivo do que bolsa quente em 7 dias de seguimento (evidência moderada).

Iontoforese
Não há evidência de efetividade da iontoforese de dexametasona ao se comparar com placebo em médio e longo prazo (3 e 6 meses).

Exercícios de deslizamento do tendão e do nervo (“Tendon and Nerve Gliding Exercises”):
Há evidência limitada de que o uso integral de tala (dia e noite) por 6 sem + programa de exercícios + tala noturna por 4 sem + exercícios é mais efetivo que o mesmo tratamento sem os exercícios em curto prazo.
Exercícios neurodinâmicos adicionados ao tratamento padrão (tala noturna+durante atividades pesadas)+exercícios de deslizamento do tendão é mais efetivo que o tratamento padrão (tala) em médio prazo (evidência limitada). Não há evidência de superioridade de efeito entre os tratamentos com: 1. tala+exercícios; 2. tala+ultra-som; 3. tala mais exercícios+ultra-som em curto prazo.

Enfim, as evidências atualmente disponíveis indicam o benefício do ultra-som e do que entendemos ser equipamentos de ondas-curtas pulsado (??), descrito como “campos magnéticos dinâmicos”.  A tala noturna aparentemente ajuda tanto quanto a tala pelo dia todo, sendo sugerido seu uso apenas a noite. Teclados ergonômicos trazem mais benefícios. Massagem local e ventosa parece auxiliar no tratamento.

Vale salientar que as escolhas no mundo real do cotidiano clínico baseiam-se também nos recursos disponíveis, experiência e crenças do profissional e do paciente e vivências de ambos, o que pode variar as escolhas apontadas acima. Destacamos também que os estudos de baixa qualidade metodológica possuem grande risco de viés. Assim, outros estudos, com melhor qualidade, poderão confirmar ou refutar algumas das recomendações acima. 

Referências:
1. Huisstede BM, Hoogvliet P, Randsdorp MS, Glerum S, Middelkoop Mv, Koes BW. Carpal tunnel syndrome. Part I: effectiveness of nonsurgical treatments – a systematic review. Arch Phys Med Rehabil. 2010 Jul;91:981-1003.
2. Huisstede BM, Hoogvliet P, Randsdorp MS, Glerum S, Middelkoop Mv, Koes BW. Carpal tunnel syndrome. Part I: effectiveness of surgical treatments – a systematic review. Arch Phys Med Rehabil. 2010;91:1005-24.

Benefícios Pilates para Gestante


O método Pilates é seguro e pode ser praticado durante a gestação. Promove conforto à gravidez e ao parto, com foco na estabilidade da musculatura postural, assoalho pélvico e no fortalecimento e alongamento suave dos músculos.

Quais são os Benefícios?
- Alinhamento postural;
- Redução das dores sacroilíacas e das lombalgias;
- Melhora da motilidade intestinal;
- Estimulação do sistema circulatório e oxigenação do sangue;
- Aumento da flexibilidade, tônus e força muscular;
- Alívio das tensões, estresse e relaxamento;
- Ganho de equilíbrio e concentração;
- Aumenta a resistência física e mental;
- Alongamento e melhora da coordenação motora;
- Maior mobilidade das articulações;
- Conscientização corporal e treino da respiração.

Pilates é alternativa para tratar incontinência urinária depois da gestação

Atividade fortalece a estrutura muscular pélvica de forma não invasiva

A perda de urina involuntária, conhecida como incontinência urinária, ocorre por diversos fatores. Idade avançada, obesidade, menopausa, constipação intestinal, gravidez, entre outros, levam ao enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico e períneo, que é um conjunto de músculos que tem como função, sustentar os órgãos pélvicos, mantendo assim, o controle dos esfíncteres, principalmente a urina.

Durante a gestação, a incontinência urinária normalmente ocorre devido à pressão na bexiga, comprimida pelo útero aumentado. No entanto, assim que termina a gravidez, a mulher tende a recuperar o controle da urina. O problema também pode acontecer se a mulher apresentar uma composição genética fraca de seu colágeno, proteína importante para unir e fortalecer tecidos do organismo, o que pode acarretar na frouxidão dos músculos que envolvem a bexiga e o assoalho pélvico.

Outros fatores agravantes podem ocorrer durante um parto normal: se o bebê for muito grande, o parto for mal assistido ou se for utilizado fórceps de maneira errada. Nessas condições, os músculos que apoiam a bexiga podem ser lesionados permanentemente.

Musculatura fortalecida

De acordo com o fisioterapeuta Bruno Andrade Costa, especialista em fisioterapia músculo-esquelética, o pilates pode ajudar a combater e a tratar a incontinência urinária, pois tem como objetivo principal, o controle e o fortalecimento da musculatura pélvica. Através das aulas de pilates, a paciente pode trabalhar dando ênfase à musculatura de sustentação: abdômen, lombar, glúteos e toda região pélvica, especialmente o períneo (área entre o ânus e a uretra).

— O pilates é a única atividade completa quando se pensa em fortalecer todos esses grupos musculares associados de forma não invasiva. Essa atividade aumenta a consciência corporal e muscular, e todos os exercícios são associados com respiração e controle abdominal — salienta o fisioterapeuta.

Costa ressalta que os casos de incontinência urinária devem ser acompanhados por um médico ginecologista ou obstetra, que indicará o exercício ideal em parceria com o fisioterapeuta que irá desenvolver e aplicar um plano de reeducação da musculatura de assoalho pélvico, através de um processo individualizado e que dê resposta às necessidades de cada paciente.

Fonte: Zero Hora - Coluna Bem estar