quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Trilhos anatômicos - parte 2

A Linha Superficial Posterior

A Técnica:
A fáscia plantar: Geralmente fonte de problemas que se refletem em toda linha. Uma limitação plantar, muitas vezes esta correlacionada com tensão nos ísquios tibiais, lordose lombar e forte hiperextensão nas cervicais superiores.


a) Liberação da fáscia: coloque seu paciente em DV, com o pé a ser tratado apoiado em um travesseiro realize deslizamento profundo em faixas na fáscia. Se o lado interno do pé (do hálux ao calcanhar) for curto, o pé provavelmente será ligeiramente levantado na superfície medial (mas sem um desenho de arco alto), e aparentemente curto em direção ao hálux. Nesse casso é a margem medial que deve ser alongada (arco cavo).
 
-b) Coloque o polegar, apoiado ou não, na região plantar do pé no lado medial, próximo à base do primeiro dedo.
- Pressionando o tecido firmemente, deslize o polegar até o calcanhar.
-Com o joelho próximo de 90º force o seu ganho realizando a extensão do das falanges e realize o mesmo deslizamento.
- Use o polegar ou os nós dos dedos.
- Em seguida mobilize o calcanhar nos movimentos de inversão e eversão, estabilizando o tarso anteriormente, enquanto trabalha o calcanhar em forma de cunha.
c) Paciente em DV com joelhos em 90º, pés encaixados na região axilar do terapeuta;
-Inicie com uma mobilização na transversal na região do tendão;
- Depois longitudinalmente realize um deslizamento profundo;
- Em seguida separe o ventre dos gastrocnêmios com o polegar até próximo do oco poplíteo;
- Faça o deslizamento profundo também na direção das cabeças do músculo;
- Massageia as cabeças dos gêmeos.

-d) Esta técnica requer alguma força nos dedos, mas a tenacidade será recompensada .
-Com o paciente em DV (posição anterior), prenda seus dedos na parte interna dos tendões dos ísquios, “nadando” por entre eles (dois na parte interna e um na lateral) e as cabeças dos gastrocnêmios.
- Depois faça seu paciente abaixar vagarosamente a perna até a mesa, à medida que você move lentamente seus dedos pelo lado medial dos tendões dos ísquios, isso facilitará um alongamento excêntrico ativo, livrando as extremidades distais;
- Use rotações da tíbia para promover um ganho extra;
- Agora “mergulhe” seus dedos por entre os músculos, no ponto mais baixo em que eles se unirem, enquanto seu paciente continua lentamente a girar lateralmente e medialmente a perna, com o joelho dobrado. Continue até chegar ao tuber isquiático.
- Sequência:

-e) A conexão entre o sacro e o túber isquiático é tão resistente que se assemelha a um osso, e é absolutamente necessária para manter ereta a postura humana e íntegra a pelve.
-Esse tecido geralmente deve ser movido em uma direção descendente naqueles com um desvio anterior da pelve, ascendente naqueles com uma retificação da coluna lombar ou um desvio posterior da pelve
- Para alcançar esses tecidos deve promover razoável pressão nesta região, usando o cotovelo ou regiões tenar e hipotenares da mão ;
- leve a manobra até a próxima rota miofascial;
- Próximo passo:
 
-f) Uma vez que os eretores da espinha recobrem as curvaturas do dorso, elas colaboram no aprofundamento destas curvas, junto com os músculos que se fixam à frente da coluna, no pescoço e nas lombares.
-A primeira consideração é a profundidade das curvaturas da coluna: existe uma lordose lombar ou cervical, ou uma cifose torácica ?
- Observe os processos espinhosos para ver se estes se projetam além do tecido circunjacente (são “montanhas”), ou afundam abaixo dos tecidos circunjacentes miofasciais (formam “vales”).
- A regra geral é contra-intuitiva: empilhe nas montanhas, cave nos vales. O tecido miofascial se expandiu nos processos espinhosos que se projetam (como em uma cifose), alargando e se prendendo às camadas circunjacentes. Esses tecidos precisam ser movidos medialmente em direção aos processos espinhosos, não somente para liberar os tecidos para a movimentação, mas também para dar um impulso adiante àquelas vértebras que estão muito atrás.
 
-g) Por outro lado, quando as vértebras estão “enterradas” profundamente (como na lordose), os tecidos miofasciais contíguos migram medialmente e esticam, formando a “corda” para o “arco” espinhal.
-Esses tecidos devem ser movidos lateralmente , de dentro para fora.
- A regra geral é então:
- Nas montanhas: para baixo e para dentro;
- Nos vales: para baixo e para fora.
- Estando o paciente na posição sentada, com o tronco inclinado a frente, cabeça encaixada no tórax, e mãos repuxando o tecido miofascial com as pontas dos dedos para cima, podemos realizar um tratamento manual mais agressivo;
- Posicione as mãos na junção cérvico torácica de seu paciente, e a medida que ele for flexionando o tronco a frente (lentamente) faça um deslizamento profundo das mãos na direção do sacro. Faça uni ou bilateralmente, respeitando a idéia dos das montanhas ou dos vales. 
Seguindo o trilho...
 
Enfim... 
 h) O triângulo formado pelos músculos subocciptais é denominado triângulo subocciptal e ele cerca a artéria vertebral. Os músculos do triângulo subocciptal, frequentemente envolvidos com outros músculos posteriores do pescoço em cefaléias gerais, são tratados todos juntos.
-Nessa região há um alto número de receptores de alongamento nesses tecidos e suas conexões com os movimentos dos olhos, para a coordenação do resto da musculatura dorsal. Tem sido provado que esses músculos possuem 35 fusos por musculares por grama de tecido muscular. O glúteo máximo, por exemplo, tem sete fusos por grama.
- Eles estão intimamente conectados com os olhos, tanto que qualquer movimento ocular produz uma mudança de tônus nos músculos subocciptais. O restante dos músculos “obedecem” aos subocciptais e tendem a seguir o mesmo caminho deles.
-


i) Deslizamento profundo em faixas: Paciente em DD, posicionando conforme a figura, pressione com o polegar os músculos posteriores do pescoço na base do crânio, lateral aos processos espinhosos das vértebras cervicais superiores.

-Pressione o tecido firmemente, deslize o polegar na direção do tronco, fazendo uma pausa em pontos rígidos ou doloridos e esperando até sua liberação. O polegar deve percorrer até a base do pescoço, sem comprometer o conforto do paciente.

-Volte o polegar ao longo do mesmo trajeto até a base do crânio, comprimindo novamente em pontos dolorosos ou rígidos;

-Deslize o polegar lateralmente na sua direção e repita o processo até ter trabalhado toda a parte posterior do pescoço.

- Uma técnica adicional que eu recomendo é a liberação dos subocciptais e da fascia epicrânica que segue longitudinalmente até os olhos. Além de todos problemas tensionais e posturais relacionados a esta linha, podemos atribuir a ela também a relação com as cefaléias tensionais que podem começar bem distante do ponto inicial, como por exemplo nos pés.

Referências: (seguem o post anterior com o mesmo título)

Trilhos Anatômicos Miofasciais

Olá Pessoal. Este post abordará o incrível mundo da miofáscia. Particularmente falarei sobre o trabalho de Thomas Myers, que é uma referência em manipulação miofascial e autor do livro Trilhos Anatômicos Miofasciais. Desde que conheci este material na formação de RPG me apaixonei. Existe muita coerência e aplicabilidade em toda abordagem biomecânica escrita neste material. Bom, vamos ao post!


Esses Meridianos Miofasciais formam “linhas” pelo corpo por onde são distribuídas trações, tensões, fixações, compensações e a maioria dos movimentos do corpo. Ao todo são 12 linhas tensionais que se interconectam e dão sustentação biomecânica a todo corpo. Veremos neste post um pouco sobre a Linha Superficial Posterior.

Esteticamente, a compreensão dos esquemas dos Trilhos Anatômicos conduzirá a uma melhor percepção tridimensional da anatomia músculoesquelética e a uma avaliação dos padrões de compensação e distribuição de forças do corpo como um todo. Em termos clínicos, ele conduz a um entendimento diretamente aplicável de como problemas dolorosos em uma área do corpo podem estar ligados a uma região totalmente “silenciosa” e até certo ponto distante desse problema.


A Fáscia:
- O conceito músculo-osso apresentado na descrição anatômica usual resulta em um modelo puramente mecânico de movimento. Separa movimento em funções discretas, sem dar uma visão da perfeita integração vista em um corpo vivo. Quando uma parte se movimenta, o corpo responde como um todo. Funcionalmente, o único tecido ao qual se pode atribuir tal resposta, é o tecido conjuntivo.
- A fáscia forma o envoltório superficial do corpo e, através de suas ramificações (aponeuroses, bainhas, tendões, ligamentos, cápsula, periósteo, pleura, peritônio,...), penetra np plano profundo das estruturas até a membrana celular.
- O tratamento através de cadeias musculares é, na realidade, um trabalho das fáscias.
- Os músculos estão contidos dentro de bainhas interdependentes. O reequilíbrio das tensões passará pelo tratamento desses envoltórios. O músculo é apenas um “servente” ao serviço da organização geral, quer dizer, ao serviço das fáscias.

A. Dissecção de fibras de fibras musculares separadas, mostrando a fáscia ao redor e de revestimento (endomísio).
B. Dissecção da fáscia superficial do músculo peitoral maior (parte esternal). Observe como a perna do evidente “X” que cruza o esterno da parte superior direita para a inferior esquerda é mais prevalente que a outra, quase certamente como resultado de padrões de uso.
C e D. Secção da coxa, à esquerda com músculos e fáscia, e a direita uma visão de como o sistema fascial seria se fosse retirado sozinho do corpo como um todo.


A Leitura dos Meridianos Miofasciais:

Para trabalharmos um trilho anatômico devemos encontrar primeiro suas rotas (meridianos miofasciais) feitas de unidades de tecidos miofasciais ou conjuntivos.
Essas estruturas devem mostrar uma continuidade direta de fibras fasciais, a que chamamos de conexões “diretas”, ou estar indiretamente conectadas por meio de uma junção óssea interposta, a que chamamos de conexão “indireta”.
 - Uma conexão direta é puramente miofascial, enquanto que uma conexão mecânica passa pelo osso interposto.
As conexões musculares (“estações”) são vistas como locais onde algumas fibras subjacentes do epimísio ou tendão do músculo são emaranhados ou contínuos ao periósteo do osso acompanhante ou, mas mais raramente, à matriz de colágeno do próprio osso.
 Dicas:
1- Siga a granulação do tecido conjuntivo, mantendo uma direção relativamente estável, sem pular articulações ou níveis.

-

-
2- Note as estações em que as rotas miofasciais se unem aos tecidos subjacentes.
3- Use a palpação como principal aliada e treine sua percepção para identificar as diferenças dos tecidos sob os dedos.





                 A Linha Superficial Posterior:

 

-
-                         -
 FUNÇÃO NO MOVIMENTO:
- No desenvolvimento humano, os músculos da LSP levantam a cabeça do bebê desde a flexão embrionária, com progressiva evolução, e alcançando os olhos e o reto do corpo, à medida que a criança alcança estabilidade em cada um dos estágios do desenvolvimento, levando-a a ficar em pé, mais ou menos um ano após o nascimento. Sendo assim, a principal função é a extensão e a hiperextensão.

FUNÇÃO POSTURAL:
- A principal função é dar apoio ao corpo em extensão completa. Tem como característica principal músculos como maior quantidade de fibras musculares de resistência e contração lenta, e faz suporte às articulações de carga do corpo humano como tornozelo, joelho, sacro-ilíaca e coluna vertebral.

ASPECTOS GERAIS:
- A LSP conecta toda a superfície posterior do corpo, da planta do pé ao topo da cabeça. Com os joelhos estendidos a LSP atua como uma linha contínua de miofáscia integrada.



Ok pessoal. No próximo post falarei da abordagem terapêutica sobre este meridiano.


Referências:
- Myers, Thomas W. Trilhos Anatômicos Miofasciais: meridianos miofasciais para terapeutas manuais e do movimento. SP, Summus, 2003.
- Rolf, Ida. P. Rolfing. A integração das estruras humanas. São Paulo, Martins Fontes, 1990.

Abordagem Fisioterapêutica no Torcicolo Congênito

Olá Pessoal! Estou de volta para falar um pouco sobre o Torcicolo Congêntio. Antes porém, quero agradecer a todos que usam este blog como ferramenta de pesquisa e a todos que compartilham o Blog através do facebook, muito obrigado pela preferência. Bom, sem mais delongas vamos ao assunto!

O Torcicolo Congênito se caracteriza pela assimetria da posição da cabeça em relação a linha média do corpo, que vem acompanhada de fibrose do músculo esternocleidomastóideo, que pode ser encontrado em lactentes ou na criança de pouca idade.

O RN com Torcicolo mantém a cabeça fletida para um lado e em rotação para o lado oposto.



No RN normal, a rotação passiva da cabeça de um lado a outro chega a 180º, ao passo que na criança com torcicolo a rotação para o lado oposto frequentemente não ultrapassa a linha mediana.
Em alguns casos observa-se a presença de um nódulo sob a forma de uma tumoração ovóide, localizada no ventre do músculo, que aparece entre a 2ª ou 3ª semana de vida e desaparece antes dos 6 meses.
Em alguns casos pode evoluir para a plagiocefalia (transtorno caracterizado por uma distorsão assimétrica (aplastamento lateral) do crânio).

Etiologia:- A hipótese mais provável é a má posição in utero que provoca isquemia circunscrita do músculo ECOM;
- Tocotraumatismo (parto com apresentação pélvica);
- Alguns estudos apontam relação com outras má formações (pé torto e luxação congênita de quadril).

Anatomia Patológica:- Através de resultados obtidos em autópsias realizadas em RN de 2 dias Sanerkin e Edwards (1966) descreveram o músculo acometido com hemorragia, ruptura e fragmentação de fibras musculares, necrose de algumas fibras e lesões das bainhas do endomísio.
Anatomia do Ecom : Origem - Wikipédia, a enciclopédia livre.O esternocleidomastoideu (no Brasil esternocleidomastóideo), em latim, Sternocleidusmastoideus, é um músculo da face lateral do pescoço, na região anterolateral. É o principal flexor do pescoço. Largo e robusto, é constituído, no tramo torácico, por duas cabeças: a esternal e a clavicular.
É inervado pelo nervo espinal, nervo CXI.
Este músculo permite três acções diferentes: a rotação da cabeça para o lado contrário, a inclinação lateral, e uma leve extensão da cabeça.

Diagnóstico Diferencial:- Linfadenite séptica profunda;
- Anomalias de natureza ortopédica (luxação da articulação atlantoaxial, hemivértebra congênita;
- Defeitos na visão (diplopia devido ao estrabismo - visão dupla é a percepção de duas imagens a partir de um único objeto);
- Na Plagiocefalia, pode haver postura assimétrica do crânio sem contratura do ECOM;
- A assimetria também pode surgir por influência do Reflexo Tônico Cervical Assimétrico, caracterizando lesão cerebral se persistente além do período esperado.

Prognóstico:
- Correção precoce (1º ano de vida) diminui o tempo de tratamento podendo ocorrer em até 12 meses;
- Casos de acometimento moderado a fisioterapia é fundamental, sendo que em casos severos a indicação de correção cirurgica é necessária;
- Em casos onde a contratura persiste a cirurgia é indicada (tenotomia do ECOM e ressecção do tecido fibroso adjacente);

Avaliação:
- Inspeção geral – anotar a postura adotada – compensações expressadas no eixo axial;
- Palpação – verificar a presença do nódulo em ECOM;
- Verificar ADM do pescoço – Passivo + ativo – Goniometria com o Gon. De Myron ou Inclinômetro;


- Avaliar de suavemente para evitar dor durante mobilização passiva ou palpação do ECOM;
- Avaliar assimetria facial e craniana com a cabeça em posição neutra;
- Verificar possível atraso no desenvolvimento da criança, atividade reflexa (reflexos assimétricos de moro ou RTCA);
- Em caso de dúvida quanto o diagnóstico inicial encaminhar ao médico para exame mais detalhado (ver diagnóstico diferencial);

Objetivos de Tratamento:
- Estabelecer relação terapeuta x paciente x terapêutica;
- Aumentar arco de movimento para região cervical (inclinação para o lado oposto ao ECOM acometido e rotação para o mesmo lado);
- Incentivar mobilização ativa da cervical através de atividades lúdicas usando as reações de retificação e endireitamento como contribuintes (rolar);
- Fortalecer músculos contralaterais (adequar equilíbrio sinérgico);
- Otimizar o desenvolvimento da criança (mesmo não havendo atraso nas etapas);
- Orientar família a adotar técnicas de manuseio e pocisionamento que favoreçam o alongamento do ECOM;

Condutas de Tratamento:
- Massagem flexibilizante + termoterapia (compressa de água morna);
- Alongamento passivo dos músculos: ECOM, trapézio superior no lado envolvido, miofáscia adjacente;
- Cinesioterapia Ativa através de estímulos lúdicos;
- Orientação domiciliar.

- Manobras:
- O paciente é colocado em decúbito dorsal sobre um colchão, com o lado normal da face voltada para o fisioterapeuta;
- Este está sentado diante da maca ou tatame, segurando as pernas e o tronco do bebê debaixo do braço;
- Uma de suas mãos segura o ombro, de modo a fixar a inserção esternoclavicular do ECOM e permitir o alongamento deste músculo através da flexão lateral da cabeça. A outra não segura a cabeça do bebê (convém ter o cuidado de não comprimir o ouvido), impondo-lhe a maior flexão lateral possível.

Figura retirada do Livro: Fisioterapia em Pediatria – R. B. Shepherd

- A manobra deve ser repetida por pelo menos 3 vezes e com uma manutenção de 30 segundos em cada aplicação, o recurso termoterápico pode auxiliar no ganho da manobra;
- Em seguida podemos fazer com rotação da cabeça que pode ser incentivada pela mamãe estando ao lado do músculo contraturado;


Figura retirada do Livro: Fisioterapia em Pediatria – R. B. Shepherd

- Podemos também combinar o movimento de rotação + flexão lateral e extensão, que em crianças com nódulo volumoso no ECOM pode ser desconfortável;

Precauções:
- Evitar movimentos bruscos entre a cabeça e a cintura escapular, isso pode gerar uma lesão no plexo braquial;
- Nunca force o alongamento e respeite a criança;
- As sessões de alongamento podem ser repetidas várias vezes ao dia.

Orientações Domiciliares:
- Explicar de maneira clara o que é o torcicolo, procurando esclarecer possíveis dúvidas;
- Nunca afirme um prognóstico sem certeza de que ele se confirmará;
- Explique de forma prática a “biomecânica” do alongamento, os movimentos bons que a criança deverá ser estimulada;
- Verificar a cada sessão como estão sendo feitas as manobras em casa para possíveis correções;
- Caso as manobras passivas em casa sejam difíceis de serem realizadas (por falta de compreensão ou medo) sugere-se apenas os exercícios ativos através de atividades lúdicas;
- Pais excessivamente zelosos podem exagerar nos alongamentos causando repulsa ao toque na região afetada pela criança;
- Os alongamentos em casa devem ser realizados em ambiente propício para a interação da criança com a técnica, com música, brinquedos, e estímulos ambientais como móbiles que reflitam luminosidade ou sons acima da cabeça, sendo estes direcionados em posição que favoreça o alongamento;
- Durante a amamentação podemos estimular a rotação da cabeça desde que não haja desconforto para a criança;
- Podemos posturar a criança no colo de modo que favoreça o alongamento:


- Segura-se o bebê em frente ao espelho com a hemiface normal voltada para cima;
- Ombro e cabeça devem ser segurados conforme exige o método anterior, só que agora é o próprio peso do bebê que irá alongar o músculo;
- O espelho serve para que o bebê perceba a si mesmo, ou se for muito novo para tanto pode chamar sua atenção pelos movimentos refletidos no espelho, e para a mamãe serve para verificar sua posição de alongamento e corrigir posicionamento inadequado;
- É interessante colocar o berço em uma posição estratégica de forma que esteja de um lado a parede (lado facial normal) e do outro o espaço (lado facial comprometido), que deve ser ambientado com estímulos no teto (fitas de alumínio, móbiles sonoros e colorido, etc).

Referências Bibliográficas:
- POUNTNEY, Teresa. Fisioterapia Pediátrica. Rio de Janeiro. Elsevier, 2008.
- SHEPHERD, R. B. Fisioterapia em pediatria. São Paulo: Santos, 2006.
- TECKLIN, Jan Stephen. Fisioterapia Pediátrica. Porto Alegre: Artmed, 2006.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Qual é o VALOR do seu atendimento?

No ultimo final de semana, durante um curso, teve uma otima discussão sobre essa questão de quanto se cobrar pelo seu atendimento.


Quando os seus pacientes perguntam isso para você, a primeira coisa que vem a sua cabeça é? PREÇO.

E pensando em preço é necessário que você saiba todos os seus custos, como aluguel, luz, telefone, funcionários, material, enfim, todos os custos fixos e variáves parra saber quanto deve ser o mínimo da sua consulta.

Se tivermos como exemplo que 1 hora do seu atendimento custe para você R$ 20,00, qual será o VALOR que será cobrado ao seu paciente? Acho que estamos entrando no assunto que mais afeta a imagem do profissional de fisioterapia, a desvalorização profissional!

Quando precificamos o nosso serviço precisamos incluir nisso a valorização do profissional, quanto que você gastou em cursos para aperfeiçoar ainda mais seu atendimento, quanto que foi investido no espaço físico que você atende para oferecer um ambiente de qualidade ao seu cliente, quanto vale o cliente ser atendido na hora marcada, sem atrasos? São alguns pequenos itens que chamamos de intangíveis, ou seja, o seu paciente não consegue por a mão nisso, mas ele tem que perceber isso. E um cliente satisfeito, bem atendido é seu melhor marketing.

O fisioterapeuta precisa saber mostrar ao seu paciente que a sua consulta tem VALOR, que cada centavo que ele te paga vale a pena. Ou seja, preço é bem diferente de valor certo?

Deixo as duas perguntas para vocês pensarem: Qual o preço da sua consulta? Qual o VALOR da sua consulta?

por Fabricia Costa - Blog Gestão em Fisioterapia

Pilates ajuda a melhorar o desempenho

Método fortalece a musculatura, ajuda a evitar lesões e no aumento da circulação sanguínea



Durante uma corrida, os atletas sofrem grande sobrecarga, principalmente nos membros inferiores e na coluna. O impacto do contato do pé com solo durante a troca da passada provoca microlesões nas articulações do tornozelo, joelho, quadril e na própria coluna vertebral. Essas microlesões ocorrem todo o tempo, em qualquer atividade física, e variam de região conforme o exercício.

Há diversas formas de aperfeiçoar a corrida e prevenir lesões, e uma delas é o Método Pilates. Segundo a Associação Brasileira de Pilates (ABP) o exercício traz benefícios para o corpo de forma geral, sem concentrar o desenvolvimento de algumas partes do corpo e de outras não.

É possível a realização de um trabalho mais específico e personalizado para um atleta com o Pilates mantendo seus princípios básicos: centro de força, concentração, controle, precisão dos movimentos, respiração e fluidez de movimento.

No método Pilates, determinados exercícios, principalmente os feitos em aparelhos, são especialmente eficazes para identificar, organizar, equilibrar os desvios mais frequentes. Podemos apresentar diversas variações no alinhamento corporal, provocadas por posturas inadequadas, desequilíbrios musculares ou acidentes ao longo da vida.
Para os corredores, o Pilates tem diversos benefícios:

- Fortalece a musculatura sem grande aumento de massa, mantendo a leveza, tonificando a musculatura menos utilizada na corrida e prevenindo lesões devido aos desajustes;

- Ganho de flexibilidade, diminuindo os índices de lesões como estiramentos e ruptura. Melhora a circulação sanguínea e sensação de relaxamento muscular, mesmo durante a corrida.

- Trabalhos específicos de alinhamento corporal, equilíbrio e controle motor. Recrutamento de fibras musculares, criando resistência para os tipos de contração muscular isotônica excêntrica (controle de retorno do tamanho da fibra muscular), isométrica (contração muscular sem encurtamento do ventre muscular) e isotônica concêntrica (encurtamento do ventre muscular).

- Desenvolve a força dos músculos do núcleo do corpo (profundo das costas, abdome e assoalho pélvico, ajudando no suporte do tronco.

- Aumento da concentração, redução da ansiedade e melhora na qualidade da respiração influenciando diretamente no rendimento do atleta.

Fonte: Portal Revista The Finisher

Atividade Física: benefícios ou prejuízos?

Aceitar que a atividade física apresenta benefícios e riscos ajuda você chegar mais próximo dos grandes benefícios de uma atividade. Eu gostaria de dizer três coisas importantes e necessárias que nem todos dizem para você...

É muito claro que a atividade física apresenta efeitos positivos para prevenir complicações musculares e articulares por vários motivos. Por exemplo, os movimentos permitem com que os músculos façam o que ”gostam”, ou seja, contrair e relaxar. Quando isso acontece, os músculos dão um presente para suas articulações: quando são comprimidas aumentam sua resistência e quando são descomprimidas aumentam os espaços entre ossos para facilitar toda a sua nutrição. Os músculos tornam-se mais resistentes à medida que contraem e relaxam regularmente. É dessa forma que adquirimos e mantemos nossa mobilidade; somos capazes de realizar as atividades sem grandes problemas e estar preparados para os imprevistos do dia a dia e da tendência degenerativa do envelhecimento.

A atividade física leva nosso organismo a produzir, liberar e conduzir uma cascata de substâncias que atingem todo o corpo por intermédio dos vasos sanguíneos e nervos. Algumas dessas substâncias apresentam papéis importantes em promoverem bem-estar, retardar o envelhecimento e diminuir dor. Por isso os profissionais da saúde indicam a atividade física como parte integrante da rotina das pessoas, apesar de muitas vezes eles próprios não praticarem.

Atividade física como benefício

Idosos que praticam modalidades esportivas ou algum tipo de atividade física tendem a ter índices de ansiedade e depressão bem menores do que os sedentários. Pessoas que sofrem com insônia podem dormir melhor quando realizam atividade física e os efeitos negativos relacionados à perda de sono são reduzidos. Pessoas hipertensas e diabéticas encontram na atividade física uma maneira incontestável tanto preventiva quanto terapeuticamente.

Uma pessoa que está acima do peso vai ao médico com dor no joelho, recebe como orientação perder peso para reduzir a sobrecarga na sua articulação e aliviar a dor. Uma pessoa com dor no corpo inteiro que recebe o diagnóstico de fibromialgia, é estimulada pelos profissionais de saúde a fazer exercícios para ajudá-la no controle de suas dores. Um homem que trabalha o dia inteiro sentado em frente ao computador e apresenta dor no ombro é rapidamente orientado pelos colegas e profissionais de saúde a sair do sedentarismo e se matricular numa academia. Uma pessoa com dor crônica é orientada a fazer exercícios de baixo impacto e dessa forma produzir mais substancias que reduzem a dor.

Atividade física como prejuízo

No entanto tenho visto freqüentemente pessoas no meu consultório procurando a atividade física por orientações médicas e outras com dor por causa da própria atividade física. Imagine a pessoa com dor no joelho fazendo a atividade exatamente igual à de outra pessoa que não apresenta dor. Você não acha um pouco incongruente uma pessoa obesa com dor no joelho fazer caminhada para emagrecer sendo que a caminhada pode sobrecarregar mais ainda seu joelho? É muito freqüente ver uma pessoa com fibromialgia sentir mais dores após realizar atividade física, mesmos sob orientação. Eu conheço muitas pessoas que estão sedentárias há muito tempo e tentaram reiniciar alguma atividade física, mas desistiram porque sentiram muitas dores. Também é freqüente a pessoa realizar atividade física, não sentir dor, mas sentir dor em outro momento do dia fruto dos exercícios que foram realizados.

Dicas ao fazer atividade física

Eu gostaria de dizer três coisas importantes e necessárias que nem todos dizem isso para você:

- O que a maioria das pessoas e profissionais da saúde se esquece é que a maneira (pequenos detalhes) de realizar o exercício pode determinar o efeito positivo ou negativo da atividade. O exercício pode variar quanto à freqüência ou repetições, intensidade ou carga, regularidade, posicionamento do corpo para executar o exercício, duração da prática e o nível de atenção direcionada à atividade.

- Você não precisa carregar “Y” de peso e nem caminhar “X” minutos para ficar saudável. Não acredite 100% no que você ouve ou lê. Acompanhe meu raciocínio: As pesquisas dizem que as pessoas conseguem ganhar condicionamento físico se caminharem 30 minutos todos os dias. Ora, para uma pessoa que não consegue caminhar nem 10 minutos por conta de uma dor na coluna, você acha que essa informação é válida para ela? Se ela caminhar 10 minutos pode ser muito melhor do que caminhar 30 minutos.

- Aquilo que você sente deve ser dito para o profissional. Mesmo com uma dor é possível encontrar uma maneira de se exercitar e colher os frutos dessa atividade porque o exercício pode variar de muitas formas. E existe a melhor maneira de VOCÊ se exercitar NESSE MOMENTO. Talvez hoje seja de uma forma e amanhã de outra. Continuar fazendo da mesma forma atividade que gera dor é um problema. Fique atento porque atividade pode não gerar dor durante, mas pode piorar a dor depois em outras atividades. Deve haver um estudo detalhado prévio antes de desistir de uma atividade ou de continuar fazendo a atividade que mantém uma dor. Um profissional de saúde qualificado pode ajudar.

Aceitar que a atividade física apresenta benefícios e riscos ajuda você chegar mais próximo dos grandes benefícios de uma atividade. Lembre-se que profissionais qualificados podem ajudar a reduzir os riscos da atividade e você pode fazer sua parte procurando entender a relação entre risco e benefício de cada exercício.

Fonte: Rodrigo Rizzo - Portal Mapa da Dor

Sonhar ajuda a reduzir memórias dolorosas, diz pesquisa

Durante a fase REM do sono, o cérebro consegue processar melhor as lembranças e memórias do dia


A fase do sono onde acontecem os sonhos, conhecida como REM (movimento rápido dos olhos, sigla em inglês), é importante para que o cérebro consiga controlar as memórias dolorosas. Segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, é nesse momento do sono que uma mudança química no cérebro o ajuda a amenizar nossa sensação em relação às memórias dolorosas. 


O estudo foi publicado no periódico Current Biology. "O estágio do sonho no sono, que possui um composição neuroquímica específica, fornece uma terapia noturna", diz Matthew Walker, autor sênior do estudo.

"Sabemos que durante o sono REM há uma redução acentuada nos níveis de norepinefrina, uma substância química do cérebro associada ao stress", diz Walker. "Ao reprocessar experiências emocionais anteriores nesse ambiente químico cerebral com baixa norepinefrina durante o sono REM, essas experiências são atenuadas em sua força emocional. Nos sentimos melhor, sentimos que podemos lidar com essas emoções."

A descoberta oferece também uma explicação do por que pessoas com transtorno de stress pós-traumático (TEPT), como os veteranos de guerra, têm dificuldades em se recuperar das experiências. Segundo o estudo, esses pacientes não se beneficiam da terapia, mantendo um alto nível de stress durante o flashback, gerando um pesadelos recorrentes. 

Pesquisa — Os 35 adultos jovens que participaram do estudo foram divididos em dois grupos. Todos viram 150 imagens emocionais duas vezes, com um intervalo de 12 horas entre elas, e passaram por exames de ressonância magnética. Um grupo viu as imagens pela manhã e novamente no fim da tarde, ficando acordado no intervalo. O outro grupo viu as imagens no fim da tarde e novamente na manhã seguinte, depois de uma noite completa de sono.

Aqueles que dormiram entre a observação das imagens relataram uma redução significativa nas reações emocionais às imagens. Além disso, os exames de ressonância magnética mostraram uma redução dramática na reatividade da amígdala — região do cérebro que processa emoções, permitindo que o córtex pré-frontal (região "racional" do cérebro) recupere o controle das reações emocionais dos participantes.

Medicamento —De acordo com Walker, ele já havia sido avisado dos possíveis efeitos do sono REM em pacientes com TEPT, quando um médico de um hospital de ex-combatentes nos Estados Unidos o avisou de que uma droga usada para o controle da pressão sanguínea estava, inadvertidamente, prevenindo a recorrência de pesadelos do militares.

A melhora aconteceu porque a droga tem um efeito colateral que suprime a norepinefrina no cérebro, criando, assim, um cérebro mais livre de stress durante o REM, o que reduz os pesadelos e promove uma melhor qualidade de sono. "Isso sugere uma relação entre o TEPT e o sono REM", diz Walker.


Saiba mais:

FASES DO SONO

Estágio 1: A fase da sonolência, na qual aparecem as primeiras sensações de sono. Tem duração de um a dois minutos e a pessoa pode ser facilmente despertada.

Estágio 2: A atividade cardíaca é reduzida, os músculos relaxam e a temperatura corpórea cai. Dura, em média, de cinco a 15 minutos. A pessoa está dormindo, mas já é mais difícil acordá-la.

Estágio 3: Distingue-se do estágio 4 apenas quanto ao nível da profundidade do sono, que é menor. Os estímulos para acordar são maiores.

Estágio 4: Fase do sono mais profunda, dura cerca de 40 minutos.

Fase REM: Momento onde há uma intensa atividade cerebral – não causa um descanso profundo. Nessa fase os olhos fazem movimentos rápidos e os sonhos costumam acontecer com mais intensidade. A fase representa de 20% a 25% das horas de sono e surge em intervalos de 60 a 90 minutos. É essencial para a saúde psicológica.


A História da fisioterapia, um breve relato por Shirley Sahrmann

Oi pessoal, deixo hoje o capítulo de introdução do livro "Dianóstico e Tratamento das Síndromes de Disfunção Motora" da fisioterapeuta norte americana Shirley Sahrmann. Este breve relato histórico é particularmente interessante pelo fato dela ter dividido a fisioterapia do século XX em três etapas distintas. É bem legal para se ter uma idéia de onde vieram tantos métodos de tratamento diferentes.
Segundo Sahrmann, a fisioterapia do século XX pode ser dividida em três fases , de acordo com seu enfoque principal,.

Em cada uma delas predominou o tratamento de determinado sistema anatômico, devido geralmente à prevalência de determinada deficiência física, que era causada por um problema médico específico. Conceitos básicos diferentes foram criados em cada uma dessas épocas, influenciando as características da profissão assim como os métodos utilizados.

Obviamente é uma descrição muito sucinta mas mesmo assim muito legal de se ler pra gente poder se situar no tempo e no espaço


Primeira fase: focalizando a disfunção dos Sistemas Osteomuscular e Neuromuscular Periférico.


O primeiro período compreendia o tratamento de pacientes apresentando disfunção do Sistema Neuromuscular Periférico ou osteomuscular, disfunção esta resultante da poliomielite ou dos traumatismos de guerra (tipicamente lesões de segundo neurônio motor). O exame manual da musculatura, como meio para determinar a disfunção neurológica e muscular de forma quantitativa foi fundamental para definir o papel diagnóstico da Fisioterapia. Eram realizados testes específicos, capazes de informar ao médico na avaliação do caso: o médico formulava então seu diagnóstico e definia o grau de disfunção.
A relação, de certa forma clara, entre a perda da função muscular e a disfunção motora, servia para orientar o tratamento.

A relação existente entre a destruição de unidades motoras e suas consequências, consistindo em fraqueza muscular e perda de mobilidade era nítida, porém ainda existiam controvérsias a respeito dos melhores métodos de tratamento da poliomielite, particularmente em relação à fase aguda da doença. O tratamento durante esta fase focalizava a preservação da mobilidade por meio de exercícios de alongamento e do uso de aparelhos ortopédicos. Durante a fase de recuperação, os exercícios destinados a fortalecer os músculos em recuperação ou os não afetados também constituía parte importante do tratamento. O tratamento mais eficaz compreendia determinados exercícios baseados nos resultados do exame manual da musculatura. Essas informações também eram usadas para orientar a prescrição de órteses e de outros dispositivos auxiliares. Os exercícios específicos levando em consideração cada músculo e o sentido em que atua eram elementos-chave para um bom resultado.



Segunda fase: Focalizando a disfunção do Sistema Nervoso Central


Depois da erradicação da poliomielite, a maioria dos casos atendidos pelos fisioterapeutas passou a ser de pós AVC, TCE e TRM. As deficiências que estes pacientes apresentavam eram devidas à disfunção do SNC (mais exatamente devido a lesões do primeiro neurônio motor); por isso os métodos até então utilizados pelos fisioterapeutas já não se aplicavam a estes casos. Os métodos de alongamento e fortalecimento, até então usados no tratamento da poliomielite eram considerados inaceitáveis; pois na época acreditava-se que fossem capazes de agravar a espasticidade. O exame manual dos músculos também deixou de se considerado um indicador confiável de desempenho muscular. Na época não se conheciam os mecanismos que contribuíam para a deficiência de pacientes com disfunção neurológica. A falta de unanimidade em relação aos mecanismos responsáveis pelas paresias e o tratamento mais adequado fez com que não fossem elaboradas diretrizes específicas para o tratamento de casos decorrentes de lesão disfunção do SNC .

Resultou daí a adoção de esquemas terapêuticos que se baseavam nas convicções e na experiência dos terapeutas clínicos. Esta falta de normas levou a um tratamento altamente individualizado e eclético; criou-se, infelizmente, o precedente de tratamento baseado em hipóteses pouco seguras. A relação entre o diagnóstico e o tratamento também se modificou durante este período. Os diagnósticos clínicos das doenças do SNC não se acompanhavam de normas para o tratamento fisioterápico, ao contrário do que acontecia com a poliomielite, cuja fisiopatologia era relativamente bem conhecida (neste momento acabou a moleza, não bastava mais alongar o que estava encurtado e fortalecer o que estava fraco... ficou claro que em lesões do SNC o buraco é mais embaixo).

Os fisioterapeutas procuraram explicar os mecanismos que contribuem para comprometer os movimentos. Porém as explicações nas quais se baseavam as hipótese clínicas relativas aos mecanismos terapêuticos eram vagas e mal interpretadas em vista da limitação do conhecimento daquela época (estamos falando da década de 1960). Infelizmente os mecanismos de controle motor ainda não eram bem conhecidos, da mesma forma que a fisiopatologia das disfunções motoras decorrentes de lesões do SNC. O que se tornou evidente neste período foi a importância essencial que a função reguladora do SNC possui para a motricidade. As deficiências motoras que acompanham a disfunção do SNC demonstram a importância deste último para os movimentos.


Terceira fase: Focalizando a Disfunção Articular



Durante a década de 1980, fisioterapeutas influenciados por seus colegas da Austrália e Nova Zelândia, começaram a aplicar métodos de exame e e de tratamento que visavam diretamente a disfunção das articulações como meio de tratar a dor osteomuscular. Esses métodos exigem o exame dos movimentos articulares acessórios e observação das respostas dolorosas associadas. Trata-se de um tratamento diferente do padrão adotado até então, o qual se baseava no uso de modalidades destinadas a combater o processo inflamatório e na aplicação de exercícios para fortalecer os músculos do segmento afetado. Alguns fisioterapeutas começavam também a aplicar os métodos clínicos preconizados pelo Dr. James Cyriax para identificar os tecidos que davam origem a dor. Esses métodos implicavam mudanças do papel desempenhado pelo fisioterapeuta. Até então o médico prescrevia um tratamento baseado no diagnóstico .

Na maioria dos casos encaminhados aos fisioterapeutas, este era chamado para “avaliar e tratar” , sobretudo quando o problema envolvia o SNC, ao passo que recebia geralmente uma orientação médica mais detalhada para o tratamento de dor osteomuscular (isso soa familiar não é?). Foi, portanto, uma mudança significativa quando o fisioterapeuta passou a examinar as articulações, a fim de determinar a origem da dor, ao invés de aplicar modalidades terapêuticas e prescrever um esquema geral de exercícios destinados a melhorar a capacidade funcional. A avaliação da mobilidade articular acessória representou uma mudança na filosofia da profissão: o foco passou a ser a identificação das contraturas articulares e das partes moles como causas responsáveis pela dor mediante métodos paliativos.


Fase Atual: Focalizando o Sistema Motor
Durante a década de 1990, a grande maioria dos pacientes encaminhados para os fisioterapeutas era de casos de dor osteomuscular. Por conseguinte, o tratamento desses pacientes é importante para a profissão. O tratamento deve ser considerado incompleto e inadequado quando dirigido isolado dos problemas musculares, articulares ou neurológicos. A evolução constante da fisioterapia exige que os movimentos constituam seu foco principal. O movimento resulta do ato de um sistema fisiológico que produz a movimentação do corpo inteiro ou da partes que o compõe. Esses componentes compreendem o sistema osteomuscular, neurológico, cardiopulmonar e metabólico.

Neste sentido, o livro da fisioterapeuta Shirley Sahrmann se destaca, principalmente ao enfatizar a relação entre postura, controle motor inadequado e dor de forma cientificamente embasada. É interessante perceber como a profissão está retornando às suas origens, dando novamente ênfase aos exercícios terapêuticos, só que desta vez acompanhados de um embasamento científico robusto, como é o caso da Estabilização Segmentar Vertebral - ESV, o conceito de Kinetic Control, Pilates Clínico, além das bandagens associadas a exercícios terapêuticos criados e aperfeiçoados por pesquisadores que utilizaram eletromiografia de superfície.

Corrida na terceira idade

Veja como a atividade física pode ser benéfica e adequada para quem já passou dos 60 anos


Com o aumento dos participantes da melhor idade (terceira idade) em provas de 5Km, 10Km e maratonas, além de outras atividades esportivas, é importante algumas considerações sobre a fisiologia dessas pessoas, que certamente estão cada vez mais saudáveis por estarem praticando esportes.

A população idosa vem aumentando consideravelmente e a atividade física regular associada ao envelhecimento surge como um importante meio de prevenção de lesões, e promoção de saúde para esta população.

À medida que os anos passam, tendemos a ir alterando nossos hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco ativas. Os efeitos dessa redução da atividade são muito sérios. Entretanto, com a atividade física regular, pode-se amenizar a velocidade com que as modificações naturais surgem.

Está comprovado que quanto mais ativa é uma pessoa, menos limitações físicas ela tem. Dentre os inúmeros benefícios que a prática de exercícios físicos promove, um dos principais é a proteção da capacidade para a realização das atividades do cotidiano ou atividades da vida diária, além de:

• Prevenir o desenvolvimento de diabetes.
• Redução dos níveis de triglicérides.
• Redução do percentual de gordura corporal. 
• Redução das alterações cardiovasculares e pulmonares.
• Redução dos riscos de trombose.
• Aumento na capacidade física, elasticidade e equilíbrio, coordenação motora e conscientização corporal diminuindo o risco de quedas. 
• Auxilio na prevenção e no tratamento da osteoporose. 
• Diminuição de dores articulares
• Melhora na imunidade, que pode diminuir a incidência de infecções. 
• Efeitos benéficos sobre a pressão arterial sistêmica.
• Redução do risco de doença coronariana e morte. 
• Atividade física facilita a interrupção do tabagismo
• Prevenir o ganho de peso. 
• Prevenção ou retardo do declínio cognitivo.
• Maior independência para realização de atividades diárias;
• Melhora da auto-estima e da autoconfiança;
• Reduz problemas psicológicos, como ansiedade e depressão
• Significativa melhora da qualidade de vida.

O tipo de exercício físico mais recomendado para pessoas acima de 60 anos no passado era o aeróbio, pelos seus efeitos no sistema cardiovascular e benefícios psicológicos. Este tipo exercício, juntamente ao alongamento, ainda se mantém entre os mais indicados e procurados nesta faixa etária enquanto exercícios de força entram em declínio. Entretanto, é necessário destacar a importância dos exercícios de força para a manutenção da força muscular, do equilíbrio, agilidade e capacidade funcional.
A prática regular da atividade física apresenta inúmeros benefícios, porém, alguns riscos devem ser considerados, sendo a avaliação clínica, levando em consideração as alterações próprias da idade, fundamental para que os benefícios sejam maximizados e os possíveis riscos minimizados. 

Qualquer indivíduo que apresente qualquer alteração de pressão arterial ou função cardiorrespiratória necessariamente precisa se submeter a um exame médico geral antes de iniciar qualquer programa de atividade física. Recomenda-se também uma avaliação cinética-funcional completa dando-se maior destaque para a força muscular, equilíbrio, postura, condições articulares, avaliação da capacidade aeróbica, além de aspectos nutricionais e nível de hidratação. 

Um programa de exercícios deve constar de aquecimento, alongamento, atividades aeróbicas e período de recuperação. O primeiro e o último períodos devem ter duração média de 20 minutos já que a pressão arterial e o nível de respiração retornam à níveis estáveis lentamente. Lembrando que a atividade deve se iniciar com esforço mínimo e progredi de forma lenta. Usar o material esportivo adequado a atividade escolhida também é muito importante. Calçados e roupas inadequados podem prejudicar a performance. Não esqueça de se hidratar e usar protetor solar.

A escolha da atividade é feita individualmente, levando-se em conta a preferência pessoal, pois não adianta fazer uma atividade que não se sinta bem praticando; a aptidão necessária, já que algumas atividades dependem de habilidades específicas e o risco associado à atividade, visto que alguns exercícios podem associar-se a alguns tipos de lesão, em determinados indivíduos que já são predispostos. 

É importante que você que tem mais de 60 anos se conscientize de que a atividade física é muito importante para seu cotidiano, pois colabora com sua saúde, agindo sobre o envelhecimento, e evitando muitas vezes a sua limitação funcional.

O envelhecimento para muitos é visto como o fim da vida, em que a pessoa idosa não tem mais condições de realizar com firmeza as tarefas que sempre executou, mas, pelo contrário, os idosos ainda têm muita vontade de viver, só lhes falta a oportunidade para isso, e através da atividade física essas pessoas podem mostrar ainda que são capazes de muito mais. 


* Por Evaldo Bósio Filho - Portal O2 por minuto

sábado, 3 de dezembro de 2011

“FISGADAS NA VIRILHA” LESÕES DOS MÚSCULOS ADUTORES DA COXA

Os músculos adutores da coxa são estabilizadores do quadril e desempenham importante papel durante da corrida. O estiramento destes músculos é relativamente freqüente e acomete entre 10 e 18 % dos esportistas.

A lesão aguda geralmente ocorre durante a atividade física e caracteriza-se por um movimento de abdução forçada contra a resistência (afastamento lateral da coxa). Neste momento o atleta apresenta uma dor súbita na região da virilha, irradiando para a parte medial (interna) da coxa e às vezes para a região abdominal baixa. O hematoma após a lesão é freqüente e pode às vezes atingir grandes proporções.

Alguns fatores de risco podem ser apontados nas lesões dos adutores, como a diminuição da força, a limitação no afastamento das coxas e o baixo condicionamento muscular. Além disto podemos encontrar anormalidades biomecânicas nos membros inferiores, como a pronação excessiva dos pés, a assimetria dos membros inferiores (diferenças de comprimento), o desequilíbrio muscular e a fadiga. Embora não haja estudos controlados para comprovar os últimos fatores predisponentes, programas de prevenção têm focado em alguns destes fatores, propiciando uma prevenção mais efetiva destas lesões.

O exame físico é marcado pela dor localizada na região da virilha ou na parte medial da coxa (região interna), palpação dolorosa da musculatura envolvida e dor na realização do movimento ativo de adução (aproximação das coxas).

Devemos lembrar que outras lesões podem simular os mesmos sintomas e sinais do estiramento dos adutores, como a compressão do nervo obturatório no quadril, a sinfisite púbica e outras doenças do quadril.

A localização da lesão também apresenta implicação na evolução do tratamento, pois aquelas localizadas na transição músculo-tendão, que são as mais freqüentes, apresentam maiores condições de reparo do que nas áreas de transição tendão-osso onde a vascularização é mais limitada.

Os exames de imagem como o ultra-som e a ressonância magnética podem ser usados para identificar e confirmar o diagnóstico formulado durante a história e o exame clínico.

Lesões de grandes proporções (superiores a 50 % do músculo apresentam tendência a seqüelas, como formação de áreas de fibrose, dolorimento tardio e perda da flexibilidade local.

O tratamento deve incluir repouso relativo, permitindo as atividades de vida diária suportadas pelo paciente, uso de muletas na fase aguda, bolsas de gelo sobre o local doloroso, antiinflamatórios não esteróides e analgésicos sob prescrição médica e fisioterapia (crioterapia eletroterapia, massagem, exercícios ativos progressivos, hidroterapia).

Finalmente o atleta retorna ao esporte em 3 a 8 semanas dependendo da lesão e da forma de tratamento empregada.

Nas lesões crônicas não tratadas, o uso dos antiinflamatórios não tem se mostrado eficiente na literatura. A fisioterapia através de vários métodos pode levar meses até que as sensações de dor e limitação dos movimentos sejam normalizadas, o que algumas vezes pode não acontecer definitivamente.


As lesões dos músculos adutores podem ser recorrentes e muitas vezes são causadas por retorno precoce ao esporte, sem que a lesão tenha sido adequadamente diagnosticada e tratada. A ausência de dor no repouso ou nos movimentos de baixa intensidade não significa que a lesão está curada. O mais comum nestas lesões é a pessoa voltar a sentir dor em 2 a 3 semanas após o primeiro episódio.

O tratamento cirúrgico está indicado nos casos de dor crônica após 6 meses de tratamento conservador e está indicado em condições especiais após avaliação criteriosa de um especialista.

Devemos atentar para os fatores predisponentes no sentido de evitar que tais complicações voltem a ocorrer, pois as lesões subseqüentes podem causar limitações mecânicas e e também emocionais para a continuidade do esporte.

Portanto, trate suas lesões o mais rapidamente possível para evitar seqüelas !