domingo, 22 de janeiro de 2012

Fisioterapia para prevenir quedas em idosos

Physiotherapy to fall prevention
Fonte aqui
A queda do idoso é considerada, atualmente, um sério problema de saúde pública mundial, (incluindo, sim, o Brasil!). Abordagens multidisciplinares com fisioterapia ganharam destaque nos últimos anos como recursos efetivos e eficientes e são cada vez mais recomendadas em diretrizes clínicas. Recentemente, novas evidências foram demonstradas. Tais dados podem justificar a abertura de espaços de tratamento individualizado ou em grupo na comunidade para atuação fisioterapêutica.
A queda do idoso tem forte relação com fraturas, principalmente de fêmur. Atualmente, todos os municípios brasileiros são monitorados anualmente quanto ao número de fraturas de fêmur ocorridas. Este número é considerado como um dos mais importantes indicadores da saúde pública nos municípios brasileiros, tornando a prevenção de quedas uma prioridade no Sistema Único de Saúde (SUS), não apenas pelo alto custo que significa para o sistema e a sociedade, mas também pelas limitações que impõem ao sujeito que cai e sua família.
Estratégias para se prevenir quedas nos idosos são urgentes e devem começar a disseminar em todos os municípios brasileiros nos próximos anos. Tendo em vista este alto impacto social,  cada vez mais são propostas estratégias para um manejo mais eficaz e eficiente possível deste grande problema.
No mês de maio, O BMJ (FI = 12,827) publicou um estudo clínico interessante, sugerindo que uma estratégia de reabilitação integrada (fisioterapia, terapia ocupacional e enfermagem) seria capaz de reduzir o índice de quedas ao longo de um ano se comparado aos cuidados usuais1.
Foi proposto um programa de intervenção multifatorial, que iniciava com atendimentos no domicilio e continuava com sessões ambulatoriais se indicado. Em domicílio os fisioterapeutas realizavam treinamento de força muscular e equilíbrio (pelo menos 6 sessões), os terapeutas ocupacionais avaliavam os riscos domésticos e propunham modificações do ambiente (corrimãos, suportes, tapetes, iluminação e treinamento para levantar-se do chão),  e os enfermeiros revisavam a medicação e a pressão arterial. Quando necessário os pacientes eram encaminhados para revisão médica ou assistência social.
No ambulatório, foram realizadas até 12 sessões em grupo para prevenção de quedas, 2x/sem, por 2 horas. Uma hora de exercícios de fortalecimento e treino de equilíbrio (fisioterapia) e uma hora de atividades funcionais e educativas (terapia ocupacional). As sessões aboradvam também aspectos nutricionais, caminhadas, estratégias para melhorar AVD, riscos, equipamentos, calçados e como levantar-se do chão. Pacientes alocados no grupo controle foram orientados para procurar os serviços da rede social e de saúde usual.
O desfecho primário da pesquisa era o número de quedas no período de um ano. Havia outros desfechos secundários dos aspectos funcionais e qualidade de vida. Foram randomizados 204 indivíduos (102 em cada grupo), avaliados de forma cega no início e no final do acompanhamento, analisados por intenção de tratar.
Dos 98 participantes que terminaram o acompanhamento, apenas 19 (20%) realizaram as sessões em grupo no ambulatorio após os atendimentos domiciliares. Os demais, foram atendidos só em casa, sendo realizadas, em média, 9.9 (SD 8.8) sessões, totalizando 490 minutos de atendimento individualizado. Em média foram realizadas 8 sessões de fortalecimento muscular e 7,5 de treino de equilíbrio, e 13,5 de atividades funcionais.
Com esta proposta, a média de incidência de queda no grupo intervenção foi de 3,46 por pessoa por ano, enquanto no grupo controle foi de 7,68. Além disso, o indice de Barthel, questionário de Nottingham de AVD, o número de internações hospitalares com fratura e atendimentos de emergência por ambulância foram significativamente melhores no grupo intervenção. O tempo médio entre a randomização e a primeira queda foi de 21 dias no grupo controle comparado a 166 no grupo intervenção.
Resumindo, segundo os autores, um serviço de reabilitação voltado para a prevenção de quedas na comunidade para pessoas acima de 60 anos está associado a uma redução no índice de quedas de 55% no ano subseqüente. Este índice ficou acima dos 25% constatado pela revisão Cochrane sobre o assunto, que analisou 111 estudos clínicos com 55.303 participantes2. Segundo esta revisão, programas de exercícios voltados para o fortalecimento, equilíbrio, flexibilidade e resistência muscular, realizados individualmente ou em grupo, reduzem o risco de quedas e o número de idosos que vivem na comunidade que caem. Citam ainda: ajuste da medicação (ansiolíticos, remédios para dormir e antidepressivos), adequação do ambiente, cirurgia de catarata e marca-passo quando indicados como recursos efetivos.
Este estudo reforça a importância dos exercícios orientados por profissionais especializados, e demonstra a relevância de constituição de serviços multiprofissionais direcionados a prevenção de quedas e melhora da capacidade funcional de idosos em risco. Além de apontar um caminho importante para os tomadores de decisões, dá subsídios para elaboração de projetos direcionados a melhora dos indicadores de saúde dos municípios, estados e federação.

Fica a idéia e alguns links de vídeos sobre a campanha de prevenção de quedas em SP!

Campanha tentar prevenir quedas de idosos - Jornal Bom dia São Paulo (23/06/2010) 
Queda já é a 6ª maior causa de mortes entre idosos no estado - Jornal  SPTV 1ª edição (23/06/2010)
Referências:
1. Logan PA, Coupland CAC, Gladman JRF, Sahota O, Stoner-Hobbs V, Robertso K, et al. Community falls prevention for people who call an emergency ambulance after a fall: randomised controlled trial. BMJ. 2010 On line first, 15 may;340(c2102):1-7.
2. Gillespie LD, Robertson MC, Gillespie WJ, Lamb SE, Gates S, Cumming RG, et al. Interventions for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2009(Issue 2).

Um comentário:

  1. Prezado acadêmico anônimo:
    Fiquei feliz em perceber o interesse pelas informações contidas no nosso site.
    Como deve ter notado, a reprodução do nosso material é autorizada desde que deixe claro a fonte da autoria do mesmo. Até esta data, não encontrei a menção do endereço de onde foi obtida esta matéria e espero que esta falta seja corrigida o quanto antes. Mais uma vez agradeço o interesse por nosso material.
    Atenciosamente,
    Lázaro Juliano Teixeira
    www.fisioterapiaemevidencia.com

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