domingo, 18 de março de 2012

Fisioterapia Aplicada às Disfunções da Articulação Temporomandibular

Autora: Betânia Mara Casam de Carvalho
Este trabalho tem o objetivo de apresentar a Articulação Temporomandibular, as disfunções mais encontradas, a utilização de um tratamento multidisciplinar e estudar os métodos fisioterapêuticos mais utilizados.

"ATM" significa Articulação Temporomandibular. Existem 2 ATMs localizadas uma no lado direito e outra no lado esquerdo. A ATM é uma das articulações mais utilizadas de todo o corpo, ela abre e fecha aproximadamente 1500 a 2000 vezes ao dia, durante os movimentos de falar, mastigar, deglutir, bocejar e ressonar.

A ATM é uma articulação bicondilar, na qual os côndilos, localizados nos dois extremos da mandíbula funcionam simultaneamente. As superfícies articulares são recobertas por um tecido conjuntivo fibroso denso, avascular, que possui um número variável de células cartilaginosas, é também chamada de articulação fibrocartilaginosa.

A ATM está localizada logo anteriormente ao ouvido externo, é uma articulação entre o processo condilar da mandíbula e a aminência articular do crânio.

Uma ATM tem como função normal: abertura de boca, no mínimo, igual a 40mm; movimento lateral amplo; ausência de ruídos; ausência de desvios; ausência de desgaste dental excessivo; ausência de dor; mastigação eficiente. Qualquer alteração em uma destas funções, caracterizamos como disfunção da ATM. O termo disfunção da ATM se refere a toda constatação de desarmonia funcional entre os seus componentes, causando mudanças patológicas na ATM.

A anamnese é um dos mais importantes fatores para se conseguir um diagnóstico correto da disfunção temporomandibular que o paciente seja portador. A anamnese se inicia quando do primeiro contato com o paciente (modo de falar, de andar. etc.).

O exame clínico deve conter três partes:
- palpação muscular e da ATM
- avaliação de movimento mandibular
- avaliação de ruídos articulares nas ATMs.

A palpação muscular compreende:

Palpação dos masseteres: palpar bilateralmente exercendo a mesma pressão. Marcar as regiões sensíveis.
Palpação dos temporais: também palpar bilateralmente e procura-se sensibilidade ou dor nessas áreas.
Palpação dos pterigóideos medial e lateral: palpa-se bilateralmente e procura-se sensibilidade ou dor nessas áreas.

Palpa-se também o esternoclidomastóideo, o esplênico e o trapézio, sempre prestando atenção para a existência de dor referida.

Na palpação da ATM, palpa-se primeiro a parte lateral, que quando sensível indicará capsulite lateral; depois palpa-se a região posterior, encontrando qualquer tipo de alteração é um indicativo de que existe inflamação na região retrodiscal. Deve-se tomar cuidado ao palpar ou manipular a ATM com inflamação, pois existe a possibilidade de desencadeamento de dor aguda. Por último, palpa-se a região ântero-superior, ocorrendo sensibilidade ou dor na ATM, pode-se concluir que há inflamação nessa região.

Nos movimentos mandibulares, avaliamos os movimentos de abertura, fechamento, se existem desvios, travamentos, rigidez à manipulação, movimentos de laterotrusão e protusão. Avaliamos também se durante esses movimentos ocorrem ruídos articulares nas ATMs como ruídos de abertura e fechamento da mandíbula, ruído no movimento de lateralidade e se existe a presença de crepitação na ATM.

Clinicamente, as disfunções temporomandibulares mais comumente encontradas são as disfunções musculares, articulares, inflamatórias, não inflamatórias, má oclusão, fatores psicológicos, má postura e hábitos parafuncionais.

Nas disfunções musculares temos:

Dor Miofascial: é uma desordem muscular caracterizada por sensibilidade em pontos localizados no músculo esquelético, denominado trigger points, dor referida próximo ou distante do trigger point, podendo ser alterada por palpação específica e padrão consistente de dor. A dor miofascial tem etiologia multifatorial, alguns fatores responsáveis pelo desenvolvimento são hábitos parafuncionais, posturas inadequadas, estresse, trauma físico, entre outros.

Espasmo Muscular: é uma desordem aguda de um músculo ou um grupo de músculos. Caracteriza-se por contração súbita e involuntária, que causa dor e limitação de movimento. Dependendo dos músculos envolvidos poderá haver limitação de abertura da boca e/ou má oclusão aguda, expressa pelo paciente como modificação da mordida.

Contratura: é um encurtamento clínico do comprimento de repouso de um músculo, sem interferência na sua habilidade de contração. A contratura nos músculos causa a longo prazo, restrição indoor do movimento mandibular. A contratura é uma das causas de hipomobilidade articular.

Miosite: é a inflamação de um músculo cuja causa é local, pode ser por trauma externo, esforço muscular exagerado ou infecção. Os sinais de inflamação como dor, calor, rubor e tumor estarão presentes.

Miofibrose: é a reparação de tecido muscular lesionado por tecido conjuntivo fibrótico. Ocorre presença de nódulos ou aumento da massa muscular. É indolor e não desaparece.

Distensão: é um estiramento muscular com possibilidade de ruptura de fibras. Apresenta regiões hipersensíveis, dor na inserção muscular, diminuição da função, dor ao movimento mandibular e dor à palpação.

Tendinite: é uma lesão inflamatória dos tendões. Apresenta dor localizada, dificuldade de movimento de abertura, dor ao movimento e dor à palpação.

Doença Secundária do Colágeno: são doenças sistêmicas e que devem ser tratadas com médico especialista. Exemplos de doenças secundárias são: escleroderma, artrite reumatóide, lúpus eritematoso, etc.

Disfunções Articulares

Toda sobrecarga que atue na ATM pode causar damos às estruturas ou alterar o relacionamento normal entre côndilo, disco e eminência articular, provocando dor ou disfunção. Disfunções articulares manifestam-se clinicamente alterando o movimento mandibular (desvios, restrições), promovendo desvios da linha mediana e o aparecimento de ruídos (vibrações). Temos:

Disco Articular Deslocado com Redução: é uma disfunção caracterizada por relacionamento anormal entre côndilo, disco e eminência articular. O deslocamento do disco poderá ocorrer para anterior, ântero-medial, medial e raramente posterior. Tem como característica a vibração produzida pela redução ou movimento do disco articular durante a excursão mandibular. Observa-se nestes pacientes desvio da mandíbula para o lado ipsilateral, até que ocorra a redução discal.

Disco Deslocado sem Redução: a característica do disco articular deslocado sem redução aguda (dias ou semanas) é a limitação de abertura de boca, desvio acentuado para o lado ipsilateral na tentativa de abertura, restrição de movimento protusivo, movimento laterotrusivo normal, dor articular, dor muscular, o paciente ainda refere que era possuidor de vibrações na ATM afetada até que tenha ficado travado.

Deslocamento da ATM: ocorre translação do côndilo, que após ultrapassar o limite de abertura, não volta a posição normal, ficando a mandíbula travada aberta. Quando a mandíbula retorna à posição de boca fechada sem ajuda, denomina-se sub-luxação. Tudo indica que a sub-luxação e a luxação tem relacionamento com afrouxamento de ligamentos.

Disfunções Inflamatórias

Capsulite: é a mais comum das disfunções. As causas de capsulite podem ser desde microtraumas a macrotraumas à posição inadequada da mandíbula. A disfunsão temporomandibular causa um desvio da linha mediana e esse desvio produz pressão sobre a parede lateral da cápsula que promove alterações funcionais da mesma, essas alterações desencadeiam dor nessa região e inflamação, sendo interpretada como capsulite.

Retrodiscite: compreende a zona bilaminar ou zona retrodiscal da ATM que é rica em vascularização, terminações nervosas livres, células e fibras, sendo portanto, muito suscetível à inflamações quando traumatizadas, mesmo quando este trauma seja de pequena intensidade. A zona retrodiscal inflamada, dependendo da quantidade de edema, poderá promover o deslocamento da mandíbula, alterando a oclusão do paciente.

Poliartrite: doenças sitêmicas como escleroderma, lúpus, e que já foram citadas anteriormente são causadoras de poliartrite nas ATMs e a poliartrite generalizada pode causar inflamação na ATM e provocar mudanças estruturais articulares.

Doenças Não Inflamatórias


Osteoartrite Primária: considerada disfunção não inflamatória que afeta os tecidos articulares e o osso subcontral. Secundariamente o paciente apresenta quadro de capsulite.

Osteoartrite Secundária: apresenta as mesmas características da osteoartrite primária com a diferença da existência de doenças que tenham envolvido anteriormente a articulação como, por exemplo, história de trauma na articulação, infecção na ATM, artrite sitêmica, etc.

Anquilose: é uma restrição ao movimento mandibular de abertura com desvio ipsilateral devido a uma fixação fibrosa do côndilo ao osso temporal. O tratamento para anquilose é somente cirúrgico.

Outras Causas de Disfunção da ATM

Má oclusão: os dentes exercem muita influência sobre a ATM. Quando existe má oclusão, ocorre um desequilíbrio muscular e um déficit na posição condilar, que pode causar um desarranjo discal. Geralmente ocorrem más oclusões graves quando os dentes posteriores (com exceção dos terceiros molares) são removidos e não recolocados. A má oclusão pode causar além das disfunções na ATM, perda óssea nas radiografias, excessiva mobilidade dos dentes e desordens musculares.

Fatores psicológicos: fatores psicológicos e tensão podem induzir ou agravar os sintomas da ATM. O aspecto mais importante do tratamento nesse caso, deve ser a orientação e encaminhamento ao profissional da área competente.

Postura inadequada: a coluna cervical, a ATM e as articulações entre os dentes estão intimamente relacionadas, a anormalidade funcional ou má posição de uma delas podem afetar a função ou posição das outras. A alteração na posição da cabeça modifica a posição mandibular, acometendo assim a oclusão. O equilíbrio entre os flexores e extensores da cabeça e pescoço é afetada pelos músculos da mastigação e a disfunção tanto nos músculos da mastigação quanto nos músculos cervicais pode facilmente alterar este equilíbrio. Um defeito postural comum é o posicionamento da cabeça anteriormente (para frente), esta posição leva à hiperextensão da cabeça sobre o pescoço quando o paciente corrige para as necessidades visuais, flexão do pescoço sobre o tórax e posicionamento posterior da mandíbula. Estes fatores podem levar a dor e disfunção na cabeça e pescoço, pois a postura incorreta pode levar a hiperatividade na musculatura mastigatória.

Hábitos Parafuncionais: morder os lábios, pressionar a língua, morder lápis ou canetas, ranger os dentes, manter a unha na boca, morder linha de costura, respiração bucal, sucção do polegar, mastigar fumo, método incorreto de escovação dentária, entre outros, podem levar à disfunção da articulação temporomandibular.

Tratamento Multidisciplinar

Tratamento Odontológico: o tratamento mais utilizado é o uso de placas interoclusais. A placa interoclusal é um aparelho removível confeccionado em resina acrílica, que se adapta às superfícies oclusais e incisais dos dentes em um dos arcos, criando contato oclusal estável entre os dentes do arco antagonista. Este tipo de tratamento promove uma posição condilar mais estável e funcional, normaliza a atividade muscular permitindo que a própria musculatura leve a mandíblua a uma posição adequada, reduz ou elimina sinais e sintomas da disfunção na ATM. As placas interoclusais são também utilizadas para proteger os dentes e estruturas de suporte de forças traumatogênicas. Estudos relatam que com o uso da placa interoclusal, ocorre uma diminuição da hiperatividade muscular, e essa diminuição pode levar à uma hipoatividade, fraqueza e atrofia dos músculos do sistema mastigatório, sendo portanto, fundamental a atuação fisioterapêutica, que através de exercícios irá exercer importante papel no fortalecimento dos músculos enfraquecidos.

Tratamento Fonoadiológico: o objetivo é adequar a tonicidade e mobilidade muscular adaptando as funções estomagnáticas - sucção, mastigação, deglutição, fala e fonação - para que não haja a dor muscular tanto em repouso como no movimento e para que este ocorra de forma coordenada e precisa, sem desvios da linha média no fechamento e/ou abertura da boca. O fonoaudiólogo também orienta o paciente quanto à dieta, onde se deve evitar alimentos de consistência muito sólida, dando preferência à uma alimentação pastosa neste período. Trabalha-se com exercícios miorrelaxantes através dos movimentos mandibulares realizados com uma contra resistência, promovendo relaxamento muscular dos músculos antagonistas. Trabalha-se também com pacientes que utilizam a placa interoclusal, pois com o uso da placa, ocorrem mudanças dos pontos de articulação dos fonemas ou dos movimentos mandibulares, pois a placa ocupa espaços na cavidade oral e a adaptação da fala e a melhoria de qualidade acústica é bastante difícil.

Tratamento Fisioterapêutico


O tratamento fisioterapêutico em conjunto com o tratamento multidisciplinar, proporciona um alívio das condições sintomatológicas do paciente, buscando restabelecer a função normal do aparelho mastigatório.

Dentre as formas de tratamento destacamos:

Massoterapia: é a estimulação mecânica dos tecidos por aplicação rítmica de pressão e estiramento. A massagem tem como efeito a sedação, favorece a circulação de retorno, elimina adesões entre as fibras musculares, entre outros. A massagem é realizada com a ponta dos polegares e os dedos da mão, exercendo uma mesma pressão e realizando o deslizamento durante 30 segundos entre a linha situada entre o limite interno e externo das sobrancelhas. Após isso, com a polpa dos dedos médios, aplica uma pressão com movimentos circulares na lateral do olho e vai realizando deslizamento nos pontos situadosna lateral do olho e vai realizando deslizamento nos pontos situados atrás do pescoço, na nuca, os seja, nos trigguer points. A massagem é realizada duas vezes ao dia.

Eletroterapia:

MENS - Estimulação Elétrica Neuromuscular através de microcorrente.

São estímulos elétricos sub-sensoriais, emitidos através de aparelhos computadorizados. Este tipo de corrente elétrica terapêutica tem a possibilidade de penetrar a célula, normalizando-a caso tenha sido atingida.

IONTOFORESE

É a introdução de íons fisiologicamente ativos através da epiderme e membrana mucosa do corpo pelo uso de corrente contínua direta (corrente galvânica). É indicada para anestesia local, edemas, inflamações, dor muscular, artrites e tendinites.

TENS - Estimulação Elétrica Neuromuscular Transcutânea

São estímulos elétricos emitidos por aparelhos na frequência de 1 pulso por segundo (1 Hz), com amplitude suficiente para promover contração muscular. Essas contrações rápidas e repetitivas atuam como uma bomba e forçam a saída de sangue venoso dos músculos e aumentam o afluxo de sangue arterial, como consequência, as substâncias irritantes dentro do músculo são eliminadas e o metabolismo aeróbico é restaurado. O uso do TENS de ultra-baixa frequência previne alterações musculares, alivia a sintomatologia dolorosa, promove relaxamento muscular e induz a mandíbula a realizar movimentos de rotação.

O uso do TENS de alta frequência (25 a 150 Hz) diretamente sobre o músculo promoverá a contração isométrica, tendo como resultado fortalecimento do músculo.

ULTRA-SOM

São vibrações mecânicas, acústicas, inaudíveis e de alta frequência, que produz vários efeitos fisiológicos como redução da tensão muscular, aumento na elasticidade do tecido tornando mais fácil a mobilização de tecidos moles e articulares, diminui a inflamação, estimula o metabolismo, entre outros. Quanto maior a frequência do ultra-som, maior será a absorção de energia nas estruturas superficiais, portanto, ultra-som de 3 MHz atuará na profundidade de 1 a 2 cm da superfície da pele e ultra-som de 1MHz atingirá profundidade de 3 a 5 cm da pele.

FONOFORESE

É a aplicação de ultra-som com agentes medicamentosos, antiinflamatórios ou analgésicos.

INFRA-VERMELHO


É a aplicação efetuada por intermédio de uma lâmpada infra-vermelha a uma distância de 50cm de área afligida por 10 a 15 minutos. Deve-se usar óculos de sol paea proteger os olhos, pois os raios podem causar danos a retina. Este tipo de calor promove analgesia, relaxamento muscular. A vasodilatação provocada pelo calor aumenta o aporte de células de defesa dos tecidos, o que explica seu efeito antiinflamatório.

CALOR ÚMIDO

São compressas umedecidas com água quente ou bolsas térmicas na região facial em média 15 minutos, 3 vezes ao dia.

CRIOTERAPIA

É a aplicação de gelo em sacos ou bolsas especiais na região afetada durante 10 a 15 minutos, 3 vezes ao dia. Pode-se realizar a massagem com gelo que consiste na aplicação de cubos de gelo com a realização de movimentos circulares na face. Os efeitos são: analgesia local, vaso constrição, diminuição do espasmo muscular, efeito antiinflamatório, entre outros.

CONTRASTE

É a aplicação alternada e repetida de calor úmido e compressa fria durante 15 minutos, iniciando com aplicação de calor por 3 minutos e em seguida, compressa fria de 1 minuto. Repetir o procedimento sempre terminar com a aplicação de calor. Deve ser realizada 3 vezes ao dia. A importância dessa forma de terapia é a de promover a reabsorção de edemas crônicos, além de somar os efeitos analgésicos e relaxantes dos dois tipos de tratamento.

LASER

Trata-se de calor superficial que para ser produtivo no corpo humano, necessita que a mesma sofra integração com as células dos tecidos irradiados. Os efeitos são: estímulo à microcirculação, analgésico, antiinflamatório, antiedematoso e cicatrizante.

CINESIOTERAPIA


Os exercícios aplicados no tratamento das disfunções da ATM, proporcionam melhores condições de atuação do sistema, quando associados ao conjunto de medidas descritas anteriormente.

Exercícios de Contração Isotônica:


neste tipo de contração a forma do músculo sofre variação, porém ele não é exposto a variação de força. Os movimentos são rítmicos e coordenados.

- Rotação: com a ponta da língua apoiada na região posterior do palato, deve-se abrir e fechar a boca cerca de 1,5 cm e, em seguida, fechá-la.
- Abertura e fechamento da boca: abrir e fechar a boca chegando ao limite máximo de abertura.
- Lateralidade: desencostando os dentes e em movimentos sucessivos, levar a mandíbula para um dos lados e em seguida para outro.
- Protusão: movimentar a mandíbula para a frente e retornar à posição inicial.
- Retrusão: movimento da mandíbula no sentido posterior, obtendo-se uma pequena retrusão.

Exercícios de Contração Isométrica:


Neste tipo de contração a forma do músculo não varia significativamente. Este tipo de contração é possível na presença de uma resistência imposta ao músculo, ocorrendo então aumento da força muscular.

- Abertura contra-resistência: fortalece os músculos que promovem o movimento de abertura da boca. O paciente abre a boca contra a resistência de seu próprio punho fechado.
- Fechamento contra-resistência: o paciente coloca dois dedos na parte inferior da boca para resistir ao movimento de fechamento da boca.
- Lateralidade contra-resistência: o paciente utiliza a mão para resistir aos movimentos mandibulares de lateralidade.
- Abertura manual contra-resistência: o paciente utiliza os dedos para abrir a boca e o punho para resistir a abertura.

Exercícios para ensinar o controle dos músculos da mandíbula


Primeiro deve-se ensinar o reconhecimento da posição de repouso da mandíbula. Lábios fechados e dentes levemente separados e a língua atrás dos dentes da frente. O paciente deve inspirar e expirar pelo nariz, usando respiração diafragmática. Ensinar o controle de abertura e fechamento da boca para que o paciente tente manter o queixo em linha média. Pode-se utilizar um espelho para reforço visual. Se a mandíbula desvia durante a abertura ou fechamento. faça o paciente praticar desvio lateral para o lado oposto, esse movimento não deve causar dor, progrida aplicando leve resistência com o polegar
contra o queixo.

Exercícios para aumentar a amplitude de movimento

Pode-se começar colocando depressores de língua em camadas entre os incisivos centrais e vai aumentando gradualmente a quantidade de depressores até que o paciente possa abrir a boca o suficiente para inserir as juntas dos dedos indicador e médio. Depois passa para o auto-alongamento, onde o paciente com os dedos alonga a abertura da boca.

Técnicas de mobilização articular também são feitas usando as mãos com luvas.


Separação unilateral: Paciente em decúbito dorsal ou sentado com a cabeça apoiada. Coloque seu polegar na boca do paciente nos molares de trás, os outros dedos ficam fora da boca e envolvem a mandíbula. A força é no sentido caudal (para baixo).

Separação unilateral com deslizamento: após separar a mandíbula do modo descrito anteriormente,
tracione-a em sentido anterior (para frente).

Separação bilateral: Paciente em decúbito dorsal e terapeuta atrás da maca. Use os dois polegares, colocando-os nos molares de cada lado da mandíbula. A força vindo dos polegares é igual, em sentido caudal.

Técnicas de relaxamento muscular


Sempre que se desenvolve desconforto por se manter uma postura constante ou por contrações musculares mantidas por certo período de tempo, os exercícios de relaxamento, na direção oposta, ajuda a tirar a sobrecarga das estruturas de suporte, promover a circulação e manter a flexibilidade. Os movimentos são realizados lentamente e em toda amplitude. Repetir o movimento diversas vezes.

Em pé ou sentado com os braços apoiados confortavelmente, instruir o paciente para inclinar seu pescoço para frente e para trás, inclinar e rodar a cabeça para as duas direções. Girar os ombros, tudo em posição de boa postura, girar os braços. Devem ser feitos movimentos no sentido horário e anti-horário, mas conclua a circundução indo para frente, para cima, ao redor e então pata trás, de modo que as escápulas terminem numa posição retraída, ajuda a treinar a postura apropriada.

Exercícios para alongar os músculos escalenos


Paciente sentado e terapeuta atrás dele, estabiliza as costelas superiores com uma mão e com a outra estabiliza a cabeça, mantendo a cabeça contra seu tronco. O paciente inspira e expira, o terapeuta então mantém as costelas para baixo à medida que o paciente inspira novamente.

Exercícios para alongar os músculos subocipitais encurtados


Paciente sentado, terapeuta identifica o processo espinhoso da 2º vértebra carvical e estabiliza-a com seu polegar à medida que o paciente inclina levemente a cabeça, sobre a coluna superior. O terapeuta guia o movimento colocando a outra mão na testa do paciente.

Exercícios auto-resistidos para fortalecer os flexores cervicais


Geralmente com más posturas de anteriorização da cabeça o paciente faz substituições usando os músculos esternoclideomastóideo para levantar a cabeça em vez de usar os flexores cervicais, originando uma disfunção na ATM.

Paciente sentado faz:

- Flexão: o paciente coloca as duas mãos na testa e pressiona-a contra as palmas das mãos, tentando inclinar a cabeça, mas não permitindo o movimento.
- Inclinação lateral: o paciente pressiona uma mão contra o lado da cabeça e tenta inclinação para o lado, tentando trazer a orelha na direção do ombro, mas não permitindo o movimento.
- Extensão axial: o paciente pressiona a parte de trás da cabeça com as duas mãos, que são colocadas atrás, perto do topo da cabeça.
- Rotação: o paciente pressiona uma mão contra a região logo acima e lateral a seu olho e tenta virar a cabeça para olhar sobre o ombro, mas não permite o movimento.

Em todos os exercícios realizados o terapeuta pode treinar percepção cinestésica e proprioceptiva para correção postural com reforço verbal, onde o terapeuta fala sobre as sensações de contração muscular que ele está sentindo, isso ocorre quando se está ensinado o exercício.

Pode utilizar o reforço visual, usando espelhos onde o paciente possa ver como ele está, como ele faz para assumir uma boa postura e deve-se reforçar verbalmente o que o paciente vê. E por último o reforço tátil, onde o terapeuta tocará levemente o paciente ajudando-o a posicionar a cabeça e tronco em alinhamento correto, e tocando os músculos que precisam se contrair para mover e manter cada segmento no seu lugar.

Tração manual da coluna cervical

Paciente em decúbito dorsal sobre a mesa de tratamento e bem relaxado. Terapeuta em pé na cabeceira da mesa, apoiando a cabeça do paciente em suas mãos. A colocação das mãos depende do conforto. Pode-se colocar:

- os dedos das duas mãos sob o occipital
- uma mão sobre a região frontal e a outra sob o occipital
- dedos indicadores ao redor dos processos espinhosos. Pode ser usada uma cinta ao redor dos quadris do terapeuta para reforçar os dedos e aumentar a facilidade de aplicação de força de tração.

No tratamento deve ser usada a posição que melhor reduz ou alivia os sintomas. O terapeuta aplica a força fixando seus braços isometricamente, assumindo um equilíbrio estável e inclinando-se para trás de um modo controlado. A força é geralmente aplicada intermitentemente, com um aumento homogêneo e gradual. Durante a tração manual nenhuma sobrecarga é colocada na ATM.

Após este estudo, que não esgotou completamente o assunto, concluímos que o paciente que apresenta disfunção temporomandibular deve ser avaliado por uma equipe de profissionais e ser tratado pela combinação de equipamentos e técnicas. Todos os equipamentos utilizados, em especial os fisiote rapêuticos, se bem aplicados, podem trazer alívio nas condições sintomatológicas do paciente e restabelecer a função normal da ATM.

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